ATA DA SEXAGÉSIMA SEGUNDA
SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA
LEGISLATURA, EM 19.08.1998.
Aos dezenove dias do mês de
agosto do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio
Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze
horas foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell,
Cláudio Sebenelo, Décio Schauren, Fernando Záchia, Guilherme Barbosa, João
Carlos Nedel, João Dib, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Paulo Brum e Renato
Guimarães. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria
Negroni, Antônio Losada, Carlos Garcia, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz,
Elói Guimarães, Gerson Almeida, Hélio Corbellini, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn,
João Motta, José Valdir, Luiz Braz, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Pedro
Ruas, Reginaldo Pujol, Sônia Santos e Tereza Franco. Constatada a existência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e
determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Qüinquagésima Nona e
da Sexagésima Sessões Ordinárias, que, juntamente com as Atas da Qüinquagésima
Sétima e da Qüinquagésima Oitava Sessões Ordinárias e da Vigésima Quarta e da
Vigésima Quinta Sessões Solenes, deixaram de ser votadas face à inexistência de
"quorum" deliberativo. À MESA foram encaminhados: pela Mesa Diretora,
o Projeto de Resolução nº 32/98 (Processo nº 2467/98); pelo Vereador Carlos
Garcia, 04 Pedidos de Providências; pelo Vereador Cláudio Sebenelo, 01 Pedido de
Providências; pelo Vereador Gilberto Batista, 02 Pedidos de Providências; pelo
Vereador Henrique Fontana, o Projeto de Lei do Legislativo nº 121/98 (Processo
nº 2484/98); pelo Vereador João Carlos Nedel, 07 Pedidos de Providências; pelo
Vereador Reginaldo Pujol, 01 Pedido de Providências; pela Vereadora Maria do
Rosário, a Emenda nº 02 ao Projeto de Lei do Executivo nº 15/98 (Processo nº
1354/98). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 07/98, do Vereador Rafael Luiz
Fontana, Presidente da Câmara Municipal de Encantado/RS; 75/98, do Senhor
Josemar dos Santos Riesgo, Assessor-Chefe da Assessoria Especial do Tribunal
Regional Eleitoral/RS; s/nº, da Senhora Ana Paula Motta Costa, Vice-Presidenta
do Fórum Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social - FONGEMAS. A
seguir, foi apregoado Requerimento do Vereador Eliseu Sabino, solicitando
Licença para Tratamento de Saúde do dia dezenove ao dia vinte e três de agosto
do corrente, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o
Suplente Jocelin Azambuja, informando que Sua Excelência integrará a Comissão
de Educação, Cultura e Esportes. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu
a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à Senhora Marina Helena Durganti, Presidenta do
Sindicato dos Servidores da Câmara Municipal de Porto Alegre - SINDICÂMARA, que
procedeu à leitura de texto do Jornalista Léo Vieira, intitulado "Cidadania
com Respeito", publicado na edição
do Jornal do Comércio de dezenove de agosto do corrente. Ainda, discorreu a
respeito das atividades exercidas pela Comissão Externa constituída na Casa com
o objetivo de acompanhar e participar das tratativas de dissídio coletivo dos
funcionários dos Poderes Executivo e Legislativo do Município de Porto Alegre e
pela Comissão de Economia, Finanças e Orçamento, para a análise e composição do
dissídio da categoria dos municipários, criticando a posição adotada pelo
Executivo Municipal no referente à questão. Na ocasião, o Senhor Presidente
registrou a presença de integrantes do Movimento "Na'Amat Pioneiras no
Brasil". Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib, reportando-se ao
tema da Tribuna Popular, teceu considerações sobre a forma como o Executivo
Municipal vem encaminhando a questão do dissídio dos funcionários municipais de
Porto Alegre, manifestando sua contrariedade à utilização do sistema de
"cartas-contrato" para a admissão de servidores e ressaltando a
necessidade de adoção de medidas que facilitem o acesso, pelos Senhores
Vereadores, aos demonstrativos de movimentações financeiras da Administração
Municipal. Em continuidade, constatada a existência de "quorum", foi
aprovado Requerimento verbal do Vereador Reginaldo Pujol, solicitando alteração
na ordem dos trabalhos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Nereu D'Ávila
registrou o transcurso, no dia de amanhã, do Dia do Maçom, historiando fatos
relativos à fundação das primeiras Lojas Maçônicas e analisando a influência
deste movimento filosófico para o planejamento e realização das principais
lutas libertárias brasileiras, dentre elas a Proclamação da Independência, a
Proclamação da República e a Revolução Farroupilha. Em continuidade, o Vereador
Isaac Ainhorn, na presidência dos trabalhos, solicitou aos Vereadores Fernando
Záchia e Reginaldo Pujol que se dirigissem ao Salão Nobre da Presidência, a fim
de conduzirem ao Plenário a Senhora Ena Raskin, Presidenta do Movimento
"Na'Amat Pioneiras no Brasil", e demais autoridades presentes, para
que fosse iniciado o período de Grande Expediente. Na ocasião, a Vereadora
Maria do Rosário manifestou-se acerca do andamento dos trabalhos, especialmente
no que se refere à utilização dos períodos de Comunicação de Líder para a
abordagem dos assuntos tratados durante a Tribuna Popular, tendo o Senhor
Presidente prestado esclarecimentos acerca da questão. Às quatorze horas e
trinta e oito minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo
retomados às quatorze horas e trinta e nove minutos, constatada a
existência de "quorum", iniciando-se o período de GRANDE EXPEDIENTE,
hoje destinado a homenagear os cinqüenta anos do Movimento "Na'Amat
Pioneiras no Brasil", nos termos do Requerimento nº 156/98 (Processo nº 1955/98), de autoria do
Vereador Isaac Ainhorn. Compuseram a Mesa: os Vereadores Isaac Ainhorn e Juarez
Pinheiro, respectivamente, 2º
Vice-Presidente e 1º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre; a Senhora
Ena Raskin, Presidenta do Movimento "Na'Amat Pioneiras no Brasil"; o
Senhor Ricardo Gothe, representante do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Senhor Samuel
Burd, Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul; o Coronel José
Roberto Rodrigues, representante da Secretaria da Justiça e Segurança do Estado
do Rio Grande do Sul; a Promotora de Justiça Sandra Goldman Ruwel,
representante da Procuradoria Geral de Justiça; o Coronel Irani Siqueira,
representante do Comando Militar do Sul. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Isaac
Ainhorn saudou o transcurso dos cinqüenta anos de fundação do Movimento
"Na'Amat Pioneiras no Brasil", discorrendo sobre a fundação desta
entidade e destacando a importância de sua atuação junto à sociedade de Porto
Alegre, em especial através da realização de painéis, seminários culturais e
atividades de cunho filantrópico. Na oportunidade, os Vereadores João Dib,
Maria do Rosário, Anamaria Negroni e Jocelin Azambuja solicitaram ao Vereador
Isaac Ainhorn que se manifestasse também em nome das Bancadas do PPB, PT, PSDB
e PTB, respectivamente. Ainda, o Senhor Presidente registrou a inauguração
hoje, na Avenida Cultural Clébio Sória, de exposição coletiva dos Artistas
Plásticos Bina Monteiro, Hilda Matos, Ines Rosenthal, Luiza Fontoura, Maria
Inês Rodrigues, Paulina Eizirik, Rosi Moreno e Vera Grimberg, alusiva aos
cinqüenta anos de independência do Estado de Israel. A seguir, o Senhor
Presidente concedeu a palavra à Senhora Ena Raskin, que agradeceu a homenagem
prestada por este Legislativo ao Movimento "Na'Amat Pioneiras no
Brasil". Às quinze horas e sete minutos os trabalhos foram suspensos, nos
termos regimentais, sendo retomados às quinze horas e oito minutos, constatada
a existência de "quorum". Em continuidade, o Vereador Jocelin
Azambuja formulou Requerimento verbal solicitando fosse dado continuidade ao período
de Grande Expediente, tendo o Vereador
João Dib manifestado-se a respeito deste Requerimento. Ainda, o Vereador Carlos
Garcia formulou Requerimento verbal, posteriormente retirado por Sua
Excelência, solicitando alteração na ordem dos trabalhos, com a garantia das
inscrições para o período de Grande Expediente da próxima Sessão Ordinária para
os Vereadores que não utilizaram este período durante a presente Sessão. Às
quinze horas e quatorze minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos,
sendo retomados às quinze horas e dezessete minutos, constatada a existência de
"quorum". A seguir, o Vereador Renato Guimarães formulou Requerimento
verbal, solicitando que transcorresse o período de Pauta sem que os projetos
nela constantes fossem debatidos pelos Senhores Vereadores. Em GRANDE
EXPEDIENTE, o Vereador Adeli Sell
teceu críticas à qualidade dos serviços atualmente oferecidos pela
Companhia Riograndense de Telecomunicações - CRT, analisando aspectos relativos
ao processo de desestatização desta Companhia e propugnando pela adoção de
medidas que garantam a manutenção e a defesa dos serviços públicos oferecidos à
população. O Vereador Renato Guimarães teceu considerações acerca do quadro ora
apresentado pelo sistema público de ensino no País, questionando os critérios
adotados para a concessão de verbas para a educação, bem como a destinação dada
aos recursos obtidos com as privatizações de empresas estatais por parte dos
Governos Estadual e Federal. O Vereador Jocelin Azambuja referiu-se aos
problemas de segurança observados nas escolas da rede municipal, solicitando
providências junto à Secretaria Municipal da Educação, para que os serviços da
Guarda Municipal sejam mantidos em funcionamento junto a estes estabelecimentos
de ensino, a fim de garantir a tranqüilidade de professores e alunos durante as
aulas. Após, constatada a existência de "quorum", foi aprovado
Requerimento do Vereador Antonio Hohlfeldt, solicitando Licença para Tratar de
Interesses Particulares, no dia de hoje, a partir das quinze horas, tendo o
Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Gilberto Batista,
informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes.
Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Fernando Záchia elogiou a iniciativa do
Vereador Sebastião Melo, de protocolar Projeto de Lei que dispõe sobre o
acompanhamento, pelos Senhores Vereadores, da execução orçamentária do
Município de Porto Alegre. Também, discorreu acerca das tratativas realizadas
pelo Município junto ao Ministério da Fazenda e ao Banco Interamericano de
Desenvolvimento - BID, para a obtenção de recursos para a realização de obras
viárias. Na oportunidade, foi apregoado Requerimento da Vereadora Anamaria
Negroni, solicitando Licença para Tratamento de Saúde no dia dezoito de agosto
do corrente. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Gerson Almeida registrou ter ingressado
com representação junto ao Ministério Público Federal, a fim de que sejam
investigadas ocorrências caracterizadoras de inércia administrativa, em relação
aos órgãos de proteção ambiental responsáveis pela fiscalização e guarda da
costa brasileira, afirmando haver um descaso, por parte do Poder Público, para
com a ecologia e a qualidade de vida da população. O Vereador Guilherme Barbosa
teceu considerações sobre os investimentos da Prefeitura Municipal na área da
educação e sobre a busca de financiamentos junto ao Governo Federal e a
organismos internacionais de fomento. Também, criticou os serviços de telefonia
celular prestados pela Companhia Riograndense de Telecomunicações - CRT,
afirmando que essa Companhia vem infringindo o Código de Defesa do Consumidor,
por não prestar as devidas informações sobre os produtos, serviços e preços que
oferece. O Vereador Hélio Corbellini defendeu a necessidade de que seja
realizada uma ampla reforma no sistema político-administrativo brasileiro, a
fim de garantir aos municípios melhores condições e maior liberdade de
gerenciamento dos recursos públicos colocados à sua disposição, permitindo que
os mesmos possam melhor cumprir as suas atribuições. Em PAUTA, Discussão
Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 103,
106 e 114/98, os Projetos de Lei do Executivo nºs 22, 26 e 27/98; em 2ª Sessão,
o Projeto de Lei do Executivo nº 72/96; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do
Legislativo nº 94 e 97/98, os Projetos de Lei do Executivo nº 21 e 24/98. Em
continuidade, constatada a existência de "quorum", foi aprovado
Requerimento verbal do Vereador Renato Guimarães, solicitando alteração na
ordem de apreciação dos projetos constantes na ORDEM DO DIA, iniciando-se este
período. Na ocasião, o Vereador João Carlos Nedel registrou o transcurso, hoje,
do Dia do Fotógrafo. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de
Lei do Legislativo nº 125/97, com ressalva das Emendas a ele apostas, após ser
encaminhado à votação pelos Vereadores Luiz Braz, Elói Guimarães, Carlos
Garcia, Reginaldo Pujol, Anamaria Negroni, Jocelin Azambuja, Maria do Rosário e
Lauro Hagemann. Após, foram aprovadas as Emendas nºs 01, 02 e 03 apostas a este Projeto. Na ocasião, a
Vereadora Anamaria Negroni solicitou a consignação em Ata de que a aprovação do
Projeto de Lei do Legislativo nº 125/97 ocorreu com o voto favorável de todos
os Vereadores presentes. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto
de Decreto Legislativo nº 09/98, por treze votos SIM, quatro votos NÃO e uma
ABSTENÇÃO, após ser discutido pelos Vereadores João Dib, Jocelin Azambuja,
Reginaldo Pujol, Maria do Rosário, Luiz Braz, Juarez Pinheiro, Pedro Ruas,
Sônia Santos, Renato Guimarães, José Valdir e João Carlos Nedel e encaminhado à
votação pelos Vereadores Lauro Hagemann, Cláudio Sebenelo, Luiz Braz, Fernando
Záchia, Clovis Ilgenfritz, João Dib e Gilberto Batista, em votação nominal
solicitada pelo Vereador Luiz Braz, tendo votado Sim os Vereadores Antônio
Losada, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa,
Hélio Corbellini, Henrique Fontana, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro
Hagemann, Luiz Braz, Renato Guimarães e Gilberto Batista, Não os Vereadores
João Carlos Nedel, João Dib, Sônia Santos e Jocelin Azambuja, tendo optado pela
Abstenção o Vereador Fernando Záchia e tendo o Vereador Jocelin Azambuja
apresentado Declaração de Voto. Durante a apreciação do Projeto de Decreto
Legislativo nº 09/98, os Vereadores Tereza Franco e Cláudio Sebenelo cederam
seus tempos de discussão ao Vereador Jocelin Azambuja e o Vereador Gilberto
Batista cedeu seu tempo de discussão ao Vereador João Dib. Ainda, face às Questões de Ordem suscitadas pelos Vereadores
Guilherme Barbosa, Pedro Ruas, Juarez Pinheiro e João Dib, o Senhor Presidente
prestou esclarecimentos acerca do artigo 54 do Regimento e da tramitação do
Projeto de Decreto Legislativo nº 09/98, solicitando oitiva da Procuradoria da
Casa com relação a Pareceres das Comissões Permanentes com resultado de empate
em suas votações. Também, foi aprovada a prorrogação dos trabalhos da presente
Sessão, nos termos regimentais. Ainda, o Vereador Gilberto Batista
manifestou-se, destacando a necessidade de que os oradores da tribuna atenham o
teor de seus pronunciamentos à matéria em debate. Na oportunidade, o Senhor
Presidente registrou a presença do Vereador Celso Nedel Wuasen, da Câmara
Municipal de São Paulo das Missões/RS, e o Vereador João Dib manifestou-se
acerca da presença dos Senhores Vereadores durante o período de Ordem do Dia.
Às dezenove horas e vinte e seis minutos, constatada a inexistência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima
sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos
foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz, Clovis
Ilgenfritz, Isaac Ainhorn e Juarez Pinheiro e secretariados pelos Vereadores
Juarez Pinheiro, Paulo Brum, Reginaldo Pujol e Guilherme Barbosa, este como
Secretário "ad hoc". Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Passamos
à
A Sra. Marina Durganti, representando o Sindicato dos Servidores da Câmara Municipal de Porto Alegre - SINDICÂMARA -, está com a palavra pelo tempo regimental de dez minutos.
A
SRA. MARINA DURGANTI: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, funcionários, senhores visitantes, o SINDICÂMARA
fará hoje a sua primeira manifestação do ano de 1998. Passo a ler o texto do
Jornalista Léo Vieira, “Cidadania com Responsabilidade.”
(Lê.)
“Certamente, todos os
cidadãos têm direitos iguais e devem se comportar com seriedade, dignidade e
nobreza de atitudes, sem ferir a conduta ou a consciência de seus concidadãos.
Por favor, de que valeria a profissão de cada pessoa quando fragmenta-se, num
todo, um elo que deveria ser a força do equilíbrio na sustentação das
atividades humanas? Na verdade, a profissão é uma atividade específica dentro da
divisão social do trabalho, relativamente estável, posta ao serviço das
necessidades da comunidade e de seus membros e recompensada pela conveniente
participação de todos, na qual tomam parte nas mesmas atividades. Todos os
cidadãos no pleno direito de seus interesses e deveres sabem se identificar de
tal modo que não são capazes de ferir seus pares, seus companheiros de
trabalho, agindo na igualdade das tarefas a serem devidamente cumpridas.
Encargos. Seria isso, por certo, a identificação com os encargos na qual a sociedade encontra-se doente, eliminando, através de grupos organizados, os maiores males ocasionados nas tarefas e serviços, nos deveres assumidos. Repudiam-se aqui as falhas e a escassa responsabilidade nas ações e nos atos nos quais estão envolvidos grupos de pessoas, alguns isolando-se e colocando-se acima dos direitos dos que mais trabalham, agindo mais na promoção pessoal, na utilização de seus cargos de chefia, enquanto os demais permanecem submetidos aos vexames e constrangimentos na execução de suas obrigações e tarefas. O protesto aqui apresentado é de repúdio a esse tipo de organização grupal, onde uns trabalham mais que outros, ao passo que os mandões, isolados, estrelas luminosas, mantêm-se em redor das questões de melhor conveniência, reaparecendo, posteriormente, para assumir a postura de figuras importantes e necessárias ao cargo, ou posto de direção, e administração de seus cargos.
Direitos. Dito isto, reforço a tese de que nenhum trabalhador terá seus direitos garantidos quando o privilégio está garantido pelos dominadores e líderes de situações, embora constrangedoras. Essa dominação é abominável quando o agente troca a figura do ofendido pela imagem fingida e dissimulada de quem tem direitos, esquecendo que esses mesmos direitos relacionam-se a todos que trabalham no esforço comum de partilhar das mesmas tarefas. Indiscutivelmente, todos, como iguais, devem manter os compromissos assumidos, observando escrupulosamente as obrigações aceitas, dando assim a prova de honestidade e destemor pela vida dos desassistidos e doentes da sociedade!”
O SINDICÂMARA, em abril passado, requereu a intermediação da CEFOR - Comissão de Economia, Finanças e Orçamento desta Casa Legislativa - para uma audiência com o Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre para tratar sobre o dissídio. Foram necessários dois ofícios no mesmo sentido para que o Sr. Prefeito se dignasse a responder àquela Comissão Técnica desta Casa, porém a audiência não foi atendida até hoje, nem com a CEFOR, nem com o SINDICÂMARA e Associações. Repudiamos o distanciamento do Sr. Prefeito com os dirigentes sindicais e associativos dos municipários. A estrela luminosa, que se isola no Paço Municipal, quer brilhar longe da Capital, como fez em julho, quando foi à França. Aqui, porém, tem o seu brilho ofuscado por estar distanciado dos reais problemas que atingem os municipários. Esse distanciamento é característica notória e marcante da postura da Administração Popular ao longo dos anos, não só nas relações com o Legislativo Municipal, mas, especialmente, com os representantes dos funcionários, sindicatos e associações, tanto que, em 1995, o então Prefeito Municipal Tarso Genro, ao invés de discutir a política salarial com os legisladores da Cidade e com os municipários, optou pelo caminho do Judiciário. A atitude maquiavélica da Administração Popular, no intuito de desmobilizar o conjunto da categoria dos funcionários quando lhe convém, envia à Câmara projetos que beneficiam algumas categorias, deixando a maioria dos servidores marginalizados, sem treinamento, com baixos salários, constrangidos por contrair dívidas com juros exorbitantes e a buscar melhores perspectivas fora dos quadros do Município, ensejando uma alta rotatividade de servidores e, com isso, prejudicando a continuidade do serviço, deixando para o Município um alto ônus de investimento no treinamento dessas pessoas. Nós ainda hoje permanecemos de luto, em sinal de alerta, não porque morreu a luta, porque esta continua, mas por Porto Alegre, que tem servidores municipais competentes, responsáveis, dedicados e conscientes de seus deveres funcionais, conhecedores dos princípios da moralidade pública e, acima de tudo, dignos do trabalho em prol da comunidade porto-alegrense, ao longo do tempo com demonstração da qualidade de serviços e resultados efetivos, mas que não são reconhecidos, porque Porto Alegre não tem: um governo que se digne receber as entidades de municipários para negociar as suas reivindicações; um governo que cumpra a Lei salarial nº 7.428, de 1994, proposta por ele mesmo; um governo preocupado em investir na qualificação do quadro permanente do funcionalismo, optando por privilegiar os servidores temporários; um governo coerente com a sua proposta ideológica, autodenominada Administração Popular, na medida em que desrespeita os reais e efetivos interesses dos municipários, jogando-os contra a opinião publica, investindo e patrocinando programas e propagandas seletivas, sem cumprir com a contraprestação legal e digna para com os servidores.
Colegas municipários, a par
de todas as dificuldades, conclamamos a todos por Porto Alegre, e mantenham a
sua dignidade funcional e espírito público voltado sempre ao atendimento da
comunidade porto-alegrense, razão final do trabalho que prestamos. Queremos,
também, agradecer à Comissão de Finanças e Orçamento, na figura de seus membros
integrantes, pelo apoio dado aos membros da Comissão do Dissídio, na presença
do Ver. João Dib, seu Presidente, e Ver. Adeli Sell, seu Relator. Desejamos a
todos uma boa tarde. (Palmas.)
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: Convidamos
a Sra. Marina Durganti, Presidente do
SINDICÂMARA, para fazer parte da Mesa dos trabalhos.
Saudamos todos os presentes,
principalmente aqueles que nos visitam pelo transcurso dos cinqüenta anos de
existência do Movimento Na’Amat Pioneiras no Brasil, e hoje, no período do
Grande Expediente, a entidade será homenageada, por proposta do Ver. Isaac
Ainhorn.
(O Ver. Isaac Ainhorn assume
a Presidência.)
O
SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): O
Ver. João Dib está com a palavra em Comunicação de Líder.
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Homem público não deve posicionar-se, tendo em
vista a condição na qual ele se encontra. Ele não pode ser, num momento, pedra,
noutro momento, vitrina, e ser diferente. Ele tem que ser igual nos dois
momentos.
O Partido dos Trabalhadores
tem esse nome e, quando é pedra, propõe todas as coisas, leva todas as
críticas, propõe vantagens, mas, quando é vitrina, exerce, com muita força,
tudo que pode contra os seus servidores, e é o caso da Prefeitura Municipal de
Porto Alegre. Temos, para exemplificar, a data de julho de 91, quando o
Prefeito retroagiu uma lei para prejudicar os servidores municipais, e quando
outro prefeito, em maio de 95, retroagiu uma liminar para prejudicar os
servidores municipais. Não estou inventando. Presido a Comissão que tenta
acompanhar o dissídio dos servidores municipais e não consigo as informações
necessárias. Perguntei ao Secretário da Fazenda quanto gasta com os servidores
municipais para que a Comissão pudesse, com justiça, se pronunciar. A resposta
foi de que, mensalmente, incluindo o décimo-terceiro salário, gasta 32 milhões
de reais. É verdade? Não sei. Todos os Vereadores deveriam ter acesso às contas
da Prefeitura. O que vejo, neste balancete, porque leio, é que a Prefeitura
gastou 17 milhões de reais com pessoal,
e não 32. Mas também informa que gastou 30 milhões com serviços de terceiros, e
não sei o quanto é legal, quanto é ilegal, quanto é correto, quanto não é
correto, e só poderia sabê-lo se a Prefeitura tivesse transparência, a mesma
que exige, quando é pedra, que pessoas que dirigem outros órgãos sejam claros,
precisos e transparentes, mas essa transparência não existe na Prefeitura. Não
sei, ninguém sabe nesta Casa, quanto a Prefeitura gasta com o pessoal de forma
correta, e quando falo nas cartas-contrato as lideranças petistas sempre tentam
me mostrar que é muito necessário, muito urgente e muito certo, mas, quando
existe lei, nada mais certo do que cumpri-la. A Lei Municipal nº 7.770,
proposta pelo Prefeito Municipal e aprovada por esta Casa, diz que pode, em
caso de emergência, contratar por cento e vinte dias. A Prefeitura contrata
todos os dias, declarando emergência, por cento e oitenta dias. A mesma lei diz
que para haver essa contratação, esse recrutamento para carta-contrato, tem que
ter um processo seletivo simplificado, e até hoje, só uma vez, nesta semana,
vejo no Diário Oficial esse processo seletivo simplificado para radiologistas
no Pronto Socorro. Esse processo seletivo simplificado com divulgação na
imprensa oficial e jornal de grande circulação no Estado nunca aconteceu.
Há pessoas que não sei como
entraram na Prefeitura. A Prefeitura, em 31 de dezembro de 1989, tinha vinte
mil funcionários e agora tem vinte e sete mil funcionários, entre ativos e
inativos. Não sei como cresceram esses sete mil. Ninguém sabe nada.
Tem razão a Presidente do
SINDICÂMARA quando diz que o Prefeito não recebe os servidores nem quando
vereador pede audiência. Tenho toda a tranqüilidade de dizer que o Dr. Olívio
Dutra não recebeu, mesmo com uma carta de seis Líderes pedindo essa audiência
para tratar do problema dos servidores, e o Dr. Tarso Genro também não recebeu
quando eu, Presidente da Comissão, pedi para receber o Sindicato da Câmara e o
Sindicato dos Municipários. Tem a nossa Presidente toda a razão quando faz esta
afirmativa: não recebem. Este é o Partido dos Trabalhadores, agora na vitrine.
Então, atende de forma diferente. Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. REGINALDO PUJOL (Requerimento): Requeiro,
Sr. Presidente, a inversão da ordem dos trabalhos, permitindo a realização
imediata do Grande Expediente e, conseqüentemente, a realização da homenagem ao
Movimento Na’Amat Pioneiras no Brasil.
O
SR. PRESIDENTE: Em
votação o Requerimento do Ver. Reginaldo Pujol. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que
o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. NEREU D’ÁVILA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, visitantes que nos honram com a
sua presença nesta tarde aqui na Câmara Municipal. Amanhã, dia 20 de agosto,
comemora-se mais um dia dedicado à Maçonaria, o Dia do Maçom. Nós gostaríamos
de homenagear toda essa representatividade de maçons não só no Brasil, mas no
Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, dizendo que a Maçonaria é uma resposta que
se dá a todos aqueles que buscam a proposta da humanidade e da solidariedade
entre os povos.
A origem da Maçonaria se
perde na nebulosa dos tempos. Definições existem inúmeras. Escolhemos uma, de
Cassard, porque ela se adapta ao estudo da origem. Cassard nos diz que
“Maçonaria é uma escola de iniciação que não só instrui e desenvolve a
inteligência, como predispõe o espírito à compreensão do absoluto. É obra de
filósofos virtuosos, cuja idéia é introduzir na sociedade o estudo das ciências
e convidar o Homem ao exercício de vida simples e sem vislumbre de
superstições. Maçonaria é uma verdadeira escola de sabedoria”.
Julgamos que com esta definição
podemos compreender as palavras de Correia de Marques quando diz: “Os mistérios
maçônicos são como raízes de frondosas árvores que se perdem pela terra adentro
até limites desconhecidos.”
A Maçonaria é uma escola de
moral e civismo. A Maçonaria é uma escola de democracia. A Maçonaria tem como
lema Liberdade, Igualdade e
Fraternidade.
No Brasil, a Maçonaria advém
desde 1800, quando foi fundada no Rio de Janeiro a primeira Loja Maçônica do
Brasil. Em 1802 é fundada a primeira Loja Maçônica da Bahia. Em 1803 são
fundadas duas outras lojas no Rio de Janeiro. No ano de 1809 foi fundada a
primeira Loja de Pernambuco e em 1813 é instalado na Bahia o Grande Oriente
Brasileiro, que trouxe como uma de suas conseqüências, entre outras coisas, a
Revolução Pernambucana de 1817 e a Guerra dos Farrapos, que são de inspiração
maçônica. As Proclamações da Independência e da República foram inspiradas sob
a ação dos maçons.
Pertenceram à Maçonaria
personalidades ilustres da vida brasileira, dentre os quais: José de Andrada e
Silva, D. Pedro I, Duque de Caxias, José do Patrocínio, André Rebouças, Cruz e
Souza, Visconde do Rio Branco, Deodoro da Fonseca, Hermes da Fonseca, Prudente
de Moraes, Wenceslau Braz, Ruy Barbosa e tantos outros.
No Rio Grande do Sul, a
Maçonaria teve influência decisiva na Revolução Farroupilha, de 1835 a 1845,
que foi um movimento republicano que visava à Proclamação da República. Teve
clara, indiscutível, insofismável inspiração na Maçonaria.
O Grande Oriente do Rio
Grande foi fundado no dia 14 de outubro de 1893.
Pertenceram à Maçonaria
gaúcha homens ilustres e de grande escola, como os Desembargadores Antonio
Antunes Ribas, Alcibíades Cavalcanti de Albuquerque, James de Oliveira Franco e
Souza, além do General Bento Gonçalves da Silva, líder da Revolução
Farroupilha. Nos últimos anos, o ex-Deputado Victor Graeff, o Marechal Carlos
Frederico de Mesquita, o Engenheiro Walter Bohel, que tanto honraram a
Maçonaria como ela foi honrada por Gaspar da Silveira Martins e tantos outros
gaúchos de estirpe nunca desmentida.
Portanto, nesse dia 20 é
homenageada esta que é uma entidade sem fins lucrativos, sem opulência, mas que
simplesmente reúne homens de boa vontade, reúne personalidades que representam a nossa sociedade e que trazem,
desde os meados da Revolução Francesa, os princípios básicos que inspiram os
homens na sua vida e na retidão dos seus caracteres. Por isso, nós queremos
deixar aqui instalada a homenagem pelo dia 20 de agosto, o Dia da Maçonaria,
certamente em nome desta Câmara Municipal e em nome da população de Porto
Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Esta
Presidência solicita aos Vereadores Luiz Fernando Záchia e Reginaldo Pujol que
se dirijam ao Salão Nobre desta Casa e conduzam o Presidente da entidade
homenageada e as demais autoridades que lá se encontram a este Plenário para
darmos início ao Grande Expediente.
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Esclarecimento): Eu consulto V. Exa. sobre o período de Tribuna Popular.
Esta Vereadora avaliava que o Ver. Nereu D’Ávila se pronunciaria dentro do
período da Tribuna Popular e não havia se inscrito. Portanto, sinto-me
prejudicada, assim como a minha bancada, a do Partido dos Trabalhadores, em não poder falar, neste momento, com a
presença dos nossos representantes, que estavam na Tribuna Popular e que
fizeram sérias observações acerca da questão do funcionalismo público
municipal. Sinto prejuízo na medida em que falar sem a presença daqueles que
usaram a palavra não seria o correto. Então, pergunto a V. Exa. como poderíamos
responder, ou, pelo menos, registro a minha desconformidade de que nós tenhamos
encerrado sem uma consulta prévia às Lideranças se gostariam de usar a fala de
Liderança para respostas e avaliações acerca do tema da tribuna.
O
SR. PRESIDENTE: Esta
Presidência entende que a manifestação de V. Exa. se constitui num registro
legítimo de um posicionamento em relação à manifestação da Tribuna Popular.
Dentro da tradição do perfil do uso da Tribuna Popular, o critério adotado,
normalmente, é o critério da presença do convidado, daquele que se manifestou
em Tribuna Popular, justamente para ouvir as colocações diversas sobre o tema
abordado.
Lamentamos, mas, no momento
em que a representante do SINDICÂMARA solicitou formalmente licença para se
retirar da Mesa, evidentemente não pudemos fazer uma solicitação de
permanência. Imediatamente, entrou o Ver. Nereu D’Ávila falando sobre o Dia da
Maçonaria. Agora, fica a critério de V. Exa. se entender de ainda usar a
Tribuna Popular sem aquela tradição da Casa, do uso da tribuna com a presença
do representante que a usou. No entanto, vale o registro de V. Exa. Encontra-se
nos Anais. Ficou claro o registro de V. Exa. e da Bancada do Partido dos
Trabalhadores.
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Esclarecimento): Sr. Presidente, então prefiro encaminhar no momento em que
possa convidar a Presidente do SINDICÂMARA, quando me pronunciarei sobre o tema
que ela trouxe.
O
SR. PRESIDENTE: Existe
uma situação “sui generis”: a Presidente do SINDICÂMARA é funcionária da Casa.
A qualquer momento pode retornar, e V. Exa.
dispõe do tempo de Liderança,
que poderá usar durante a Sessão.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h38min.)
O SR. PRESIDENTE (às 14h39min): Estão reabertos os trabalhos.
Passamos
ao
Este
Grande Expediente está destinado a homenagear os 50 anos do Movimento Na’Amat
Pioneiras no Brasil.
Convidamos
para compor a Mesa: a Presidenta do Movimento Na’Amat Pioneiras no Brasil, Sra.
Ena Raskin; o representante do Prefeito Municipal de Porto Alegre, Sr. Ricardo
Gothe; o Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, Dr. Samuel
Burd; o representante da Secretaria da Justiça e Segurança do Estado do Rio
Grande do Sul, Cel. José Roberto Rodrigues; a representante da Procuradoria
Geral de Justiça, Dra. Sandra Goldman Ruwel - Promotora de Justiça -, e o
representante do Comando Militar do Sul, Cel. Irani Siqueira.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, a minha bancada não
dispõe de tempo. Como V. Exa. vai falar sobre os 50 anos do Movimento Na’Amat
Pioneiras no Brasil, eu pediria que V. Exa. falasse também em nome da minha
bancada.
O
SR. PRESIDENTE: Ver.
Dib, muito me honra a manifestação de V. Exa., mas gostaria de dizer que,
através do microfone de apartes, se V. Exa. quiser fazer uso para alguma
manifestação, já foi combinado com o ilustre Secretário desta Casa, Ver. Juarez
Pinheiro. Tanto a sua bancada como as demais, através de suas Lideranças,
poderão manifestar-se brevemente pelo microfone de apartes.
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr.
Presidente, da mesma forma que o Ver. João Dib, nós gostaríamos de delegar a V.
Exa., autor desse Requerimento, que falasse em nome do Partido dos
Trabalhadores, especialmente destacando a participação importante das mulheres
nesse Movimento. Muito obrigada.
A
SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr.
Presidente, de igual forma, gostaríamos de nos manifestar também, como a Vera.
Maria do Rosário e o Ver. João Dib, com relação ao pronunciamento que será
feito por V. Exa. em homenagem a essa instituição. Não temos, hoje, tempo para
falar em Grande Expediente e assim solicitamos a V. Exa. que fale, também, em
nome da Bancada do PSDB. Muito obrigada.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr.
Presidente, em nome dos companheiros da Bancada, solicitamos a V. Exa. que
represente o PTB nesta homenagem tão importante para a Casa.
O
SR. PRESIDENTE: Temos a
honra, neste momento, de passar a Presidência dos trabalhos ao 1º Secretário
desta Casa, Ver. Juarez Pinheiro, que presidirá a presente Sessão.
O
SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Fará
agora uso da palavra o Ver. Isaac Ainhorn, 2º Vice-Presidente desta Casa e que
foi proponente desta homenagem aos cinqüenta anos de existência do Movimento
Na’Amat Pioneiras no Brasil.
O
SR. ISAAC AINHORN: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa.) Ilustre Coronel Irani Siqueira, que nesta oportunidade
representa o Comando Militar do Sul, figura sempre presente, na condição de
“embaixador” do Comando Militar do Sul, nos Parlamentos de Porto Alegre e do
Estado do Rio Grande do Sul, pessoa que tanto tem contribuído para a integração
entre o Comando Militar do Sul do País e os legislativos rio-grandenses,
notadamente a Assembléia Legislativa e esta Casa, onde S. Exa. é uma figura
constante e querida por todos.
Honro-me, neste momento, de
falar em nome das Bancadas do PDT, o meu partido, do PSB, do PTB, do PPB, do PT
e do PSDB, a requerimento de seus Vereadores.
É importante, neste momento,
que o Legislativo da Cidade de Porto Alegre preste uma homenagem especial a um
movimento da maior importância, com expressão internacional, nacional e local.
São cinqüenta anos da criação deste movimento de mulheres, movimento feminista
de valorização da mulher, de integração da mulher. Este movimento, que nasceu
no Brasil em 11 de setembro de 1948, guarda a feliz coincidência de ter sido criado
aqui, no Brasil, no mesmo ano da nova independência do Estado de Israel, cuja
independência foi declarada em 47, e este movimento se constituiu no Brasil,
pioneiramente, no Estado do Rio Grande do Sul. É necessário, para compreender o
sentido maior desse movimento, dizer que ele foi criado três anos após o final
da II Guerra Mundial. A grande maioria aqui chegou antes da Guerra, alguns
durante e um pequeno número após o final da Guerra - a maioria dos imigrantes
despojados de todos os seus bens, de todo o seu patrimônio, reconstruindo, em
nosso País, uma vida, depois da tragédia da guerra e do holocausto. É dentro
desse quadro de cinzas e de tragédia, dos campos de concentração, da morte de
seis milhões de judeus, da morte de milhares de civis na Europa, do assassinato
brutal de crianças, mulheres, jovens e homens, que em 1947 a Organização das
Nações Unidas deu o seu voto pela criação de um Estado judeu no Oriente Médio,
ao lado da criação de um Estado palestino. No ano seguinte é declarada a Independência
do Estado de Israel.
As pessoas, aqui, ainda sob
o horror da II Guerra Mundial, ainda inseguras, depois daquele processo da
Guerra, de associações, entidades, sinagogas que acolhiam imigrantes despojados
de todos os seus pertences, ainda não sabendo o que iria acontecer a partir
dali. Nesse quadro é constituído, no Brasil, em Porto Alegre, o Movimento
Na’Amat Pioneiras, um movimento feminino, um movimento de vanguarda. E para nós
um dado de muita satisfação é a presença aqui de uma extraordinária mulher,
responsável pela fundação desse movimento no Brasil, a Sra. Zelda Oliven -
juntamente com ela, uma outra pioneira que, por motivo de doença, não está
presente nesta Sessão, a Sra. Berta Siminovty, também outra figura
extraordinária. Elas acreditavam no processo de organização.
Esse movimento foi fundado
em 1921, antes da constituição do Estado de Israel, Ver. Lauro Hagemann. Esse
movimento foi criado em Israel sob a égide e sob a condução de mulheres
trabalhadoras que, chegando a Israel, vindas de um processo de perseguição em
diversas regiões da Europa Oriental, buscavam o retorno à terra de Israel. E lá
fundaram esse movimento, cujo lema maior era a proteção dos direitos da mulher,
em 1921, e o estabelecimento de uma sociedade igualitária baseada nos
princípios da justiça social, estabelecidos pelos velhos profetas judeus no
Velho Testamento. É essa a concepção filosófica que norteou a criação do
movimento das mulheres, movimento das pioneiras, antes mesmo da fundação do
Estado de Israel, e aqui no Brasil em 1948.
Gostaríamos de realçar
também a importância desse movimento não só do ponto de vista dos estudos, das
pesquisas, dos seminários que fazem em relação à questão das mulheres, da
situação do mundo nos dias de hoje, seminários, fóruns de debate. No dia de
hoje inicia-se o encontro nacional dessas mulheres aqui na Cidade de Porto
Alegre. Então, eu quero realçar a importância desse movimento que, aqui na
Cidade de Porto Alegre, completa cinqüenta anos. É um movimento nacional, um
movimento do Brasil, onde há vários grupos de mulheres de todas as faixas
etárias, em que há uma solidariedade e um trabalho de natureza filantrópica
também, com o acompanhamento dos seus companheiros, dos seus maridos, haja
vista que muitos se encontram aqui presentes, prestigiando este evento na tarde
de hoje, no dia que esta Casa, o Legislativo Municipal de Porto Alegre, de mais
de duzentos anos, se sentiu no dever de homenagear este importante movimento
que não é só um movimento de estudos e pesquisas, de luta pelo estabelecimento
de sociedades embasadas na justiça social em todos os países do mundo. Também
realizam trabalhos do cotidiano, porque se filiam a uma corrente de pensamento
religioso e filosófico baseado na solidariedade, naquilo que no hebraico se
diz: “zedacah”, que é uma caridade que tem por base os princípios da justiça
social, de uma forma diferente. E realizam trabalhos de natureza filantrópica
porque, na visão de cada uma dessas mulheres - algumas que representam as mais
de oitocentas mulheres que constituem esse movimento na Cidade de Porto Alegre
e no Estado do Rio Grande do Sul -, há como característica um princípio ético e
filosófico, também religioso, baseado num princípio do Velho Testamento que
afirma que quem salva uma vida salva a humanidade.
Portanto, o dia de hoje é um
dia extremamente importante, Presidenta Ena Raskin, para esta Casa, para a
comunidade de Porto Alegre, pois somos, aqui, a expressão política, a
representação política da Cidade. E aqui nos sentimos na obrigação de prestar
diversas homenagens, que é uma das razões de ser desta Casa. Além dos trabalhos
de natureza legislativa, de fiscalização de atos do Poder Executivo,
também prestamos reconhecimentos, como
hoje esta Casa presta, através de todos os Vereadores, de todos os partidos,
reconhecendo a importância e o mérito do trabalho realizado por vocês por
ocasião dos cinqüenta anos desse movimento no Estado do Rio Grande do Sul.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Gostaríamos
de informar que, logo após a presente Sessão de homenagem às Na’Amat Pioneiras,
iremos inaugurar, no andar térreo, uma coletiva de artistas gaúchos em
homenagem à Independência do Estado de Israel.
A Sra. Ena Raskin está com a
palavra.
A
SRA. ENA RASKIN: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.)
Na’Amat Pioneiras sente-se muito honrada com o convite desta egrégia Câmara
para as homenagens quanto às comemorações do seu cinqüentenário.
Como Presidente desta
organização feminina Na’Amat de Porto Alegre, encontro-me neste recinto
dirigindo a palavra aos dignos e honrados representantes desta Cidade e aos
demais presentes.
Primeiramente, gostaria de
contar quem somos, de onde viemos e o que fazemos. Não foi por acaso que a
primeira imigração judaica organizada no Brasil ocorreu em solo gaúcho nos anos
de 1903-1904. Além do interesse do Governo Estadual em colonizar suas terras
despovoadas com imigrantes europeus, aqui se respirava um ar de liberdade,
sobretudo de liberdade religiosa, fator determinante para os judeus do Leste
europeu, proibidos de exercer sua cidadania e sua fé religiosa em seus países
de origem. E foi este chão que eles escolheram para construir seus lares.
Assim, senhores, como as outras etnias, embora numericamente menores, mas não
menos importantes, os judeus contribuíram de maneira substancial para o
desenvolvimento deste Estado.
Ao passar do tempo, em busca
de melhores condições de vida, instalados em cidades do Interior e na Capital,
aqui fundaram suas instituições religiosas, de vida comunitária, social e de
benemerência. A Na’Amat, que aqui represento, é uma delas. As mulheres judias
de Porto Alegre não ficaram indiferentes aos verdes da modernidade que se
espalhavam pelo mundo logo após o término da II Guerra Mundial. No ano de 1948,
inspiradas na organização Moetzet Hapoalot, Mulher Obreira e Voluntária,
fundada em Israel em 1921, criaram a Organização das Pioneiras de Porto Alegre,
célula máter dos demais núcleos que se espalharam pelas principais cidades do
Brasil. Moetzet Hapoalot, movimento feminino que defende os direitos da mulher
e luta para que sejam asseguradas oportunidades iguais para todos, reduzindo e
anulando as desigualdades econômicas, com as conseguintes desigualdades
sociais, promove um trabalho educacional e assistencial permanente. Suas
lideranças, entre as quais podemos destacar Golda Meir, mais tarde eleita
Primeira Ministra do Estado de Israel, contam hoje, como no passado, com nomes
de projeção internacional que não poupam esforços na aplicação de seus
princípios de justiça, na defesa e proteção das populações desfavorecidas.
Esses mesmos princípios
regem a nossa organização, hoje com o nome de Na’Amat, uma sigla: Nashin Ovdot
ve Midnavoth, que prioriza as atividades culturais e presta apoio e auxílio,
com recursos obtidos através de chás, bazares e os mais diversos tipos de
eventos e espetáculos, às entidades assistenciais e educacionais de nossa
Cidade na certeza de que, com saúde e
instrução, todos terão o mesmo direito de sonhar, de ter projetos e, sobretudo,
de realizá-los. Inúmeras entidades de nossa Cidade foram beneficiadas com o
resultado deste trabalho, como a Campanha do Agasalho, Associação Liga do
Amparo aos Necessitados (ALAN), Associação Evangélica Luterana de Caridade (AELCA),
Creche Anne Frank, Asilo Padre Cacique, campanhas promovidas pela Primeira
Dama, entre muitas outras.
Quero agradecer, em nome da
Na’Amat, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta homenagem e as palavras
carinhosas que ouvimos ao ensejo do nosso qüinquagésimo aniversário, com a
convicção de que servirão para nos manter animadas e motivadas pelos mesmos
ideais que temos defendido todo esse tempo. Continuaremos hoje, como ontem, o
nosso trabalho em prol de uma sociedade mais justa, mais humana, mais igualitária
e mais livre, onde homens e mulheres de todas as etnias, culturas e idades
tenham a liberdade de escolher o seu caminho e tenham a possibilidade de
alcançar os seus objetivos sem os percalços e preconceitos da discriminação e
dos desfavorecimentos. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: Os
integrantes desta Casa se sentem muito honrados pela realização desta homenagem
por ocasião de um Grande Expediente de uma Sessão Ordinária de trabalhos da
Câmara Municipal de Porto Alegre. Nós agradecemos a presença dos nossos
convidados e dos componentes e autoridades aqui presentes, que enriqueceram
esta Sessão, especialmente à Presidente do Movimento Na’Amat Pioneiras de Porto
Alegre, bem como pela sua manifestação que, mais uma vez, nos conforta, através
de tudo aquilo que dissemos da importância desse movimento e do sentido da
homenagem que esta Casa prestou às Pioneiras por ocasião dos cinqüenta anos.
Também a homenagem especial desta Casa, particularmente por eu ter a honra de
estar presidindo esta Sessão em função de um compromisso do Presidente desta
Casa, uma homenagem especial àquelas componentes das Pioneiras que hoje não se
encontram mais entre nós, em que eu incluo a minha saudosa mãe, que não está
mais aqui conosco, e todas aquelas mulheres que já nos deixaram e que foram
responsáveis por esse movimento tão expressivo e de tanta significação.
Comunicamos a todos que,
neste momento, nos dirigiremos ao andar térreo desta Casa para inaugurar a
mostra coletiva por ocasião dos cinqüenta anos da criação do Estado de Israel.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h07min.)
O
SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro - às 15h08min): Estão reabertos os trabalhos da presente
Sessão.
Passamos à Pauta. O Ver.
João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA (Esclarecimento): Sr. Presidente, eu só gostaria de um esclarecimento. Nós
estávamos em Grande Expediente?
O
SR. PRESIDENTE: Esta
Presidência responde a V. Exa. que recebeu orientação do Ver. Isaac Ainhorn, 2º
Vice-Presidente, de que haveria um acordo de apenas ele usar a palavra e que as
inscrições no Grande Expediente ficariam postergadas e reservadas aos
Vereadores inscritos para a próxima Sessão.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA (Requerimento): Solicito
que retomemos o Grande Expediente, de acordo com o Regimento desta Casa.
Ninguém fez requerimento em nome da Bancada do PTB, e o PTB não aceita isso.
Foi votada a alteração da ordem dos trabalhos, passando-se ao Grande
Expediente. Gostaria de usar o tempo de Grande Expediente.
O
SR. PRESIDENTE: Ver.
João Dib, esta Presidência tem a obrigação de cumprir o Regimento desde que não
haja um acordo no sentido de fazer a inversão dos trabalhos. Hoje é o último
dia para votar a Prestação de Contas do Sr. Prefeito. Isso faz com que este Presidente,
na incumbência de presidir os trabalhos e na obrigação de cumprir o Regimento,
tenha que dar outra orientação à Sessão de hoje e pedir desculpas ao Ver. João
Dib, porque já havia sido anunciado que assumiria a tribuna.
Face ao Requerimento do Ver.
Jocelin Azambuja, que tem guarida no Regimento Interno, continuaremos no
período de Grande Expediente.
O
SR. JOÃO DIB: Rendo-me
ao Requerimento do Ver. Jocelin Azambuja, mas diria que no Grande Expediente
nenhum dos oradores inscritos foi chamado. O Ver. Isaac Ainhorn falou por toda
a Casa.
O
SR. PRESIDENTE: Estão
inscritos no Grande Expediente de hoje os Vereadores Clovis Ilgenfritz, Décio
Schauren, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida,
Guilherme Barbosa e Hélio Corbellini. O Ver. Eliseu Sabino encontra-se
licenciado. Portanto, o Ver. Jocelin Azambuja está inscrito.
O Ver. Carlos Garcia está
com a palavra para um requerimento.
O
SR. CARLOS GARCIA (Requerimento): Sr.
Presidente, sugiro, conforme havia sido acordado, que se mantenha a ordem do
Grande Expediente para a próxima Sessão. Todos os Vereadores estariam
contemplados.
O
SR. PRESIDENTE: Vamos
suspender os trabalhos para acordo das Lideranças. Se não houver acordo, vamos
cumprir o Regimento.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h14min.)
O
SR. PRESIDENTE (às 15h17min): Estão
reabertos os trabalhos. Solicitamos que o Ver. Carlos Garcia informe ao
Plenário se houve acordo das Lideranças quanto à ordem dos trabalhos.
O
SR. CARLOS GARCIA: Sr.
Presidente, infelizmente não houve acordo pelo PTB, que faz questão de se
manifestar. Infelizmente, para cumprir o Regimento, o PSB retira o seu
Requerimento.
O
SR. PRESIDENTE: Muito
obrigado, Ver. Carlos Garcia.
O
SR. RENATO GUIMARÃES (Requerimento): Sr.
Presidente, nós gostaríamos de agregar uma questão às conversações que tivemos
no sentido de que, passado o Grande Expediente, nós só fizéssemos correr a
Pauta, não a debatêssemos, para entrarmos diretamente na Ordem do Dia e
apreciar os projetos conforme a ordem em que estão colocados.
O
SR. PRESIDENTE: Posteriormente,
esta Presidência colocará em votação o Requerimento de V. Exa.
Voltamos ao período do
Grande Expediente. O Ver. Clovis
Ilgenfritz está com a palavra.
Conforme a Liderança do
Partido dos Trabalhadores, o tempo do Ver. Clovis Ilgenfritz, devidamente
inscrito, é cedido ao Ver. Adeli Sell.
O
SR. ADELI SELL: Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, a CRT ia mal, e agora vai muito mal. São
inúmeras as pessoas de Porto Alegre que procuram o nosso gabinete com as mais
variadas reclamações.
Nós queremos perguntar aos
líderes de sustentação do Governo Britto o que está acontecendo com a CRT, que
acabou de ser privatizada. Qual o controle público que a Agência Gaúcha de
Regulação exerce sobre a CRT? Por que em algumas comunidades uma pessoa recebe
um telefone e outra não recebe? Por que para um edifício no Centro da Cidade há
linha para uma pessoa e não há para outra? Este é o nosso questionamento: nós
queremos discutir a necessária garantia da prestação dos serviços públicos. É
essencial a telefonia no mundo moderno no final deste século, no início do novo
milênio, para a transmissão de dados. Agora, qualquer cidadão, segundo as
propagandas, consegue o telefone celular a qualquer momento. Não é isso, Ver.
Clovis Ilgenfritz, o que dizem as propagandas do Governo do Estado?
Pois, Ver. Gerson Almeida,
V. Exa. é funcionário de carreira da CRT e sabe o quanto os funcionários têm
defendido a empresa. Mas quantos funcionários foram demitidos, pediram o PDV,
abandonaram a CRT, que hoje está um caos? Em um determinado minuto, tenta-se
uma ligação através de um telefone celular, mas se é informado que o outro
telefone está desligado ou fora da área de cobertura. Liga-se um minuto depois,
essa pessoa se encontra no mesmo lugar e, às vezes, a gente consegue uma
ligação. O que está acontecendo? É evidente que o serviço de prestação de
telefonia no Rio Grande do Sul tem piorado. Não há critérios democráticos para
que as pessoas consigam as suas linhas, para não falar em transferência de
linhas. Perguntamos aos líderes de sustentação do Governo Antônio Britto onde
está a gloriosa CRT, onde está a prestação necessária e eficaz tão propalada
pelo Governo que se diz de qualidade total, mas que estamos vendo que não é bem
assim. Os telefones em Porto Alegre funcionam muito mal e queremos respostas
não evasivas, como tem acontecido aos nossos ofícios, cartas e fax dirigidos à
CRT. Respondem rapidamente, mas de forma evasiva. Não apresentam soluções.
Gostaríamos de ouvir os Líderes do PMDB, PPB, PTB, do PSDB, aqueles que dão
sustentação ao Governo Antônio Britto.
Falando em qualidade e
prestação de serviço público, também tivemos ousadia, porque tivemos o auxílio
de funcionários da CRT que nos ajudaram a articular um questionário que enviei
a muitas pessoas no interior do Estado, a cada município gaúcho. Os escritórios
da CEEE no interior do Estado fecham nas pequenas cidades e as pessoas precisam
se deslocar 50, 60 até 80Km para chegar a um escritório de uma das empresas que
foram privatizadas para colocar a sua preocupação, para verificar o que está
havendo na linha de transmissão de energia.
Estamos vendo que no nosso
Estado começa a ser cobrado pedágio em inúmeras rodovias, Da mesma forma,
estamos vendo que as estradas são de péssima qualidade. Em alguns lugares,
chega-se à desfaçatez de passar um piche no asfalto para iludir ou tentar
iludir o menos avisado de que a estrada foi consertada, mas não foi. Os
pedágios estão aí, uma babilônia de dinheiro. Dou um exemplo: os plantadores de
alface de São José do Hortênsio, no Vale do Caí, que trazem, cinco vezes por
semana, alface para a CEASA, em Porto Alegre.
Eles deixarão, no final do ano, nada mais e nada menos do que trinta mil
pés de alface para o pedágio, tirados do seu caminhão. Aqueles que trazem a
maçã de Vacaria gastarão, para chegar em Porto Alegre, nada mais e nada menos
do que 240Kg de maçãs no pedágio. Nós perguntamos: o que está fazendo a Agência
Gaúcha de Regulação dos Serviços Concedidos? O que está fazendo o Governo do
Estado para controlar essa desfaçatez, essa loucura, essa mais nova exploração
que são os pedágios no Rio Grande do Sul?
A
Sra. Anamaria Negroni: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu gostaria que V. Exa. me
explicasse a afirmação de Olívio Dutra, candidato do partido de V. Exa. ao
Governo do Estado, na “Zero Hora” do dia 8 de julho de 94, página 14: “Olívio
admite implantar pedágios - o candidato fez uma palestra para empresários do
setor de transportes.” É totalmente contra o que V. Exa. está falando. Grata
pelo aparte.
O
SR. ADELI SELL: V. Exa.
não entendeu. Não se trata de ser contra ou a favor, Vereadora. Não foi isso
que eu falei. Tem que prestar atenção no que se fala nesta Casa. Eu disse que,
em qualquer parte do mundo, as empresas constroem as estradas e depois cobram
os pedágios, e ainda há estrada alternativa. No Rio Grande do Sul não acontece
isso. Cobram uma babilônia de dinheiro: 15 reais de um caminhão - os nossos
fretistas estão indo à falência. Não se trata de ser contra ou a favor. Eu
diria que, se fizerem uma estrada, serei o primeiro a ser favorável a que se
cobre pedágio. Mas é estrada que nós fazemos com dinheiro público, Vereadora,
cobrando 15 reais de um caminhão, 240Kg de maçã para cada caminhão que vem de
Vacaria, ao preço de 25 centavos, que é o preço médio do produtor? Isso é uma
desfaçatez! Para ir a Eldorado do Sul pagar dois reais? Trabalhadores vindo
trabalhar em Porto Alegre?
Isso não se faz. É uma
desfaçatez. É contra isso que nos rebelamos. E pergunto, Sr. Presidente: o que
faz a AGERGS? Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Décio Schauren cedeu o seu tempo para o Ver. Renato Guimarães, que está com a
palavra.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, um registro: a Bancada do
Partido dos Trabalhadores não queria utilizar o tempo de Grande Expediente no
dia de hoje por um acordo feito para discutirmos e votarmos o projeto que trata
da questão das kombis escolares. Agora, as demais bancadas insistiram em usar o
Grande Expediente; portanto, vamos colocar os pingos nos “ii”, como se diz.
O
Sr. Fernando Záchia: Acordo feito por quem?
O
SR. RENATO GUIMARÃES:
Foi uma solicitação do PSB, e nós concordamos com ela. O PMDB e o PTB não
aceitaram abrir mão do Grande Expediente. Então, vamos pôr os pingos nos “ii”.
Nós queremos tratar, neste
Grande Expediente, da questão da educação pública neste País. O discurso que
todos nós ouvimos nestes últimos dois anos é de que era necessário entregar o
patrimônio público para investir em educação e saúde. Eu pergunto aos senhores
onde está o investimento em educação. Acompanhamos, meses atrás, uma greve do
ensino superior que tratava de reivindicação de salários dos professores, mas,
também, da qualidade do ensino superior, do sucateamento das universidades
promovido por esse Governo Federal que tem feito, diga-se de passagem, nos anos
de 95 a 98, uma redução de 50% dos investimentos na área do ensino superior.
Então, esse é um registro que gostaríamos de fazer.
Foi proposta do Governo
Federal aprovar na LDB, e isso foi aprovado, que não era mais compromisso do
Governo Federal e dos governos estaduais repassarem recurso para a educação
infantil e para a educação de jovens e adultos porque queria priorizar o que
chamamos de ensino regular, que vai da primeira à oitava séries. Eu perguntaria
onde está essa priorização? Porto Alegre sofreu um corte de 9 milhões no
repasse do Fundo de Educação no ano passado. Onde bateu esse corte? No ensino
fundamental de primeira à oitava séries. Pergunto: onde está a coerência do
discurso do PSDB? Do Presidente
Fernando Henrique Cardoso? Eles diziam que o fundamental era colocar verba no
ensino regular. Porto Alegre, mesmo com toda essa crise do desvio da verba pública
da área da saúde e da educação, amplia o convênio com as creches comunitárias.
Hoje são cento e dez creches comunitárias conveniadas com a Prefeitura de Porto
Alegre a partir da SMED, atendendo sete mil crianças de zero a seis anos. As
creches são custeadas com os recursos próprios do orçamento do Município porque
não vêm mais repasses do Governo Estadual e do Governo Federal para o ensino
infantil. Em Porto Alegre, temos o SEJA - Serviço de Educação de Jovens e
Adultos, na grande maioria das escolas;
o MOVA - Movimento de Alfabetização, que pretende, até o ano 2000, trabalhar
para zerar o número de analfabetos no Município de Porto Alegre. Tudo isso é
prioridade do Município, porque, tanto no orçamento do Estado como no orçamento
da União, a política da infância, de zero a seis anos, e a política do jovem
adulto foram totalmente abandonadas.
A Sra. Anamaria Negroni: V. Exa. permite um aparte?
O
SR. RENATO GUIMARÃES: É
interessante que a Vera. Anamaria
Negroni participe desse debate, porque o que nós vemos nesta Casa é um
total descomprometimento dos partidos que apóiam o Governo Britto e o Governo
Fernando Henrique Cardoso, que sucatearam este País, que venderam o patrimônio
público deste País. Os Vereadores
desses partidos simplesmente não assumem o debate aqui sobre o que está sendo
feito com este País, da descarada entrega do patrimônio público.
A Vereadora poderá debater
no espaço que tem no Grande Expediente.
Esse é o debate que
queremos, é o debate dos Vereadores na tribuna para responderem como o Governo Britto arrecadou 5 bilhões para
privatização da CEEE e da CRT, usando discurso de que queria melhorar a saúde
pública do Estado, porque até agora só aplicou 0,7% desse dinheiro em saúde.
Gostaria que o Ver. Cláudio Sebenelo
respondesse para onde foi o dinheiro da Vale do Rio Doce. Gostaria que
os Vereadores explicassem o que fizeram com o dinheiro das telecomunicações,
porque, dias depois da venda, já estavam passando novamente para as próprias
empresas que compraram as empresas o financiamento. É interessante registrar
isso. O próprio Governo devolveu o dinheiro da privatização das
telecomunicações às empresas que compravam as telecomunicações no Brasil. Por
que temos que trazer essa denúncia? Porque Porto Alegre não é uma ilha; é um
município dentro de um estado. Porto Alegre é um município dentro de um país e
que está sendo entregue. Porto Alegre, Ver. Cláudio Sebenelo, está dentro dos
índices mundiais da redução da mortalidade infantil. Pergunto: o Brasil reduziu
o índice de mortalidade infantil? Não. Quarenta crianças morrem por hora no
Brasil. São esses os Governos que estão dando certo? É essa a proposta que
apresentam ao Brasil, de montanhas de cadáveres de crianças?
Os Vereadores da oposição
acham que os discursos dos Vereadores do PT são instigantes, quando somos nós que
fazemos isso, quando é a oposição que sobe à tribuna e faz os discursos mais
desviados e falaciosos sobre a administração do Município e nós não temos
direito a resposta. Era esse o registro que queríamos fazer, e com satisfação,
ao descontentar a oposição nesta Casa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Jocelin Azambuja está com a palavra em Grande Expediente.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores.
O
Sr. João Dib: V. Exa.
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Jocelin Azambuja, V.
Exa. gosta dos problemas da educação no Município. O Ver. Renato Guimarães, com
sua metralhadora giratória descalibrada, perguntava onde é que está o dinheiro
do FUNDEFE, e eu também vou perguntar: o orçamento deste ano da Prefeitura,
1998, prevê um real no FUNDEFE? No dia 30 de junho, tinha recebido 13 milhões,
725 mil e 761 reais. Saúde e paz!
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA:
Mas, Srs. Vereadores, tratando da questão da educação, temos que tratar da
questão da segurança. A segurança preocupa a todos nós, e eu estive, esta
semana, numa reunião com escolas municipais, e o Governo Municipal está
cometendo um ato lamentável contra as escolas infantis, contra as poucas
escolas de primeiro grau, de ensino fundamental que o Município tem. São apenas
quarenta e seis, e quarenta e duas escolas infantis. Estão tirando a segurança
das escolas, estão tirando os guardas municipais das escolas municipais de
Porto Alegre. E estou entrando com um pedido de providências requerendo ao
Secretário Municipal de Educação e ao Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre
que, em respeito às crianças que lá estão estudando, que, em respeito aos
professores que lá trabalham e aos funcionários, sejam mantidos os guardas nas
escolas, porque isso é inadmissível. E eu peço o apoio da Bancada do PT nesta
Casa porque tenho certeza de que segurança deve ser prioridade para as nossas
crianças, e não posso admitir, Srs. Vereadores, que as escolas municipais
fiquem sem os seus guardas, que sempre protegeram as escolas durante vinte e
quatro horas, durante os sete dias da semana e que sempre foi um serviço bem
desenvolvido no Município de Porto Alegre, pois, quando mais se fala em
segurança, quando mais se fala em problemas de segurança, o Município de Porto
Alegre, a Administração Municipal de Porto Alegre, o PT de Porto Alegre resolve
tirar os guardas das escolas. Isso é uma violência contra os professores, é uma
violência contra os funcionários e, principalmente, contra as crianças que
estão nessas escolas. Eu exijo, eu nem peço. Eu exijo medidas rápidas da
Secretaria de Educação e do Governo Municipal em reverter isso imediatamente,
porque senão muitos dos professores nem conseguirão mais trabalhar, muitas das
crianças ficarão em risco, e nós precisamos ter segurança nas escolas.
Não vou dar aparte agora, na
minha hora de Grande Expediente, porque o meu tempo é curto, Vereador.
Desculpe-me. Num outro momento lhe darei o aparte.
Então, Srs. Vereadores, nós
não podemos aceitar que o Município de Porto Alegre, que o Município que só tem
oitenta e seis escolinhas entre infantis e escolas de ensino fundamental, se
comparadas ao Governo do Estado, Vereadores, o Governo do Estado tem duzentas e
cinqüenta e sete escolas em Porto Alegre para quem não sabe, duzentas e
cinqüenta e sete escolas de ensino fundamental, e o Município de Porto Alegre
tem apenas quarenta e seis. Pois não quer dar segurança nem para estas quarenta
e seis escolas. E ainda querem tirar os guardas municipais! Então, estou
fazendo essa denúncia. Peço o apoio de todas as bancadas desta Casa, porque
essa é uma situação grave e os professores das escolas municipais estão em
pânico, as direções de escolas estão em pânico. Porque vocês sabem que nós
temos problemas de drogas. Nós temos problemas de violência, nós temos
problemas de toda ordem, e o Governo Municipal não quer cumprir nem com a sua
função básica de proteger o seu patrimônio, de proteger as suas escolas. Eu não
posso admitir isso. E aí vêm aqui na tribuna fazer críticas ao Governo do Estado,
fazer críticas ao Governo Federal, quando não cumprem nem com as suas funções
básicas.
Então, nesse primeiro
momento, Srs. Vereadores, eu quero colocar de forma clara essa denúncia à
população de Porto Alegre.
Em segundo lugar, estou
encaminhando à Secretaria de Indústria e Comércio um pedido de informações para
saber quem é que está trabalhando em volta das escolas na Zona Norte de Porto
Alegre, se aqueles que trabalham em volta das escolas têm alvará, porque nós
estamos enfrentando graves problemas de drogas. Eu tive uma reunião com várias
entidades da comunidade da Zona Norte, do Bairro Rubem Berta, do Parque dos
Maias. O pessoal está passando por problemas graves de segurança lá. Estive
reunido com o Chefe de Polícia de Porto Alegre, com o Comando de Policiamento
da Capital da Brigada Militar e preciso saber quem está trabalhando na frente
das escolas, se existe alvará de funcionamento dado pelo Município, se existe
uma fiscalização de fato, porque vocês sabem que muitos destes instrumentos são
para o passamento de drogas nas escolas, e os pais estão apavorados, os
professores estão apavorados, e precisamos de medidas. A Zona Norte está
preocupada. São questões fundamentais neste momento.
Para prestar um
esclarecimento ao Ver. Renato Guimarães, porque talvez ele não saiba que o
Fundo Nacional de Educação foi uma conquista do magistério nacional, da
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, a CNTE, que requereu
sempre ao Ministério da Educação que criasse um fundo para fazer justiça para a
educação. Então, os municípios que têm mais alunos vão receber mais verbas, e
os municípios que têm menos alunos recebem menos verbas, evidentemente. Então,
por exemplo, teremos mais de cem municípios no Rio Grande do Sul que vão
aumentar a sua arrecadação. E dou um exemplo: o Município de Alvorada, do PT,
está recebendo mais de 2 milhões e 500 mil reais, e ninguém está se queixando
lá. Está todo mundo feliz. Estão aplaudindo o Presidente Fernando Henrique
Cardoso. Porque acho um disparate chegar aqui na tribuna e dizer “porque o
FHC”... Mas o que é isso?! Temos que ter respeito com o Presidente deste País.
Podemos até não concordar com suas idéias, podemos ser adversários políticos,
mas jamais desrespeitar a figura do Presidente do País, como jamais se deve desrespeitar
a figura do Governador ou do Prefeito. Há pouco tempo disse ao Prefeito desta
Cidade: “Prefeito, mesmo não concordando com as suas idéias, vou respeitá-lo
até o último dia do seu mandato.”
Para concluir, Sr.
Presidente, o Governo de Porto Alegre, do PT, está perdendo dinheiro porque não
investe em educação, não tem alunos. Só tem quarenta e seis escolas de ensino
fundamental. Está perdendo 9 milhões porque não quer investir em educação. Em
compensação, o Governo do PT de Alvorada está feliz da vida. Está aplaudindo o
Presidente Fernando Henrique, está aplaudindo o Ministro da Educação, Sr. Paulo
Renato de Souza, porque está ganhando quase 3 milhões de reais, e Porto Alegre
está perdendo. No dia em que Porto Alegre investir em educação vão melhorar as
coisas, mas não em educação de “marketing”, não em educação...
O
SR. PRESIDENTE: Para
concluir, Sr. Vereador, por gentileza.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA: Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Elói Guimarães está com a palavra. Ausente.
O Ver. Antonio Hohlfeldt
solicita licença para tratar de assuntos particulares a partir das 15h do dia
de hoje.
(Obs.: Foi aprovado
Requerimento de licença do Ver. Antonio Hohlfeldt e dada posse ao Suplente,
conforme consta na Ata.)
O Ver. Fernando Záchia está com a palavra
em Grande Expediente.
O
SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, é com alegria que o PMDB viu, na semana passada,
nesta Casa, o seu 1º Suplente, Ver. Sebastião Melo, com a atuação preocupada
com as coisas de Porto Alegre, exercendo com legitimidade as funções de
Vereador. Passando por esta Casa por uma semana, ele teve a capacidade de
entender, talvez, uma das nossas grandes dificuldades e uma das grandes
necessidades quando protocolou projeto de sua autoria que dispõe sobre o
acompanhamento da execução orçamentária do Município de Porto Alegre e dá
outras providências.
Com esse Projeto, o Ver.
Sebastião Melo quer estruturar nesta Casa o acompanhamento da execução
orçamentária, a exemplo do Governo Federal, que já faz há seis anos, e do
Governo Estadual, que desde o início do Governo Britto possibilitou que a
Assembléia Legislativa possa acompanhar, através de processamento de dados,
toda a realização do orçamento de Porto Alegre. Ficamos aqui fazendo longos
debates, tendo uma preocupação grande pela Cidade, pela peça orçamentária, mas
não temos a condição, Ver. Renato Guimarães, de acompanhar a execução, sendo
que vamos obter essas informações no ano seguinte ou dois anos depois. Então, é
importante que tenhamos esse acesso, que tenhamos a possibilidade de
acompanhamento para que possamos exercer nossa atividade parlamentar com toda a
tranqüilidade e com toda a qualidade que o povo de Porto Alegre merece. Por
isso, aplaudo e cumprimento o Ver. Sebastião Melo pela sua iniciativa oportuna
e espero que o Governo Municipal tenha essa sensibilidade, que certamente esta
Casa terá na aprovação dessa matéria.
Por que o Ver. Sebastião
Melo teve essa preocupação - e este Vereador cumprimenta a sua iniciativa -
para que nós possamos acompanhar as realizações financeiras e administrativas
do Município?
Se nós pegarmos a Mensagem
nº 147, de 1998, do Senado Federal, vamos ver que o Município de Porto Alegre
solicitava, por meio do Ministério da Fazenda, e o Ministério excepcionalizava:
“O Senado aprova e Porto Alegre obtém aval da União junto ao BID”. Porto Alegre
precisava do aval da União para que pudesse receber os empréstimos necessários
para termos, de uma vez por todas, o início da III Perimetral, obra de que esta
Cidade necessita há mais de dez anos. Pelo aval dado pelo Ministério da
Fazenda, Porto Alegre tem condições de assinar o financiamento com o BID, e nós
poderemos iniciar a obra.
O que é que me chama a
atenção? Chama-me a atenção o enquadramento do Município de Porto Alegre no
conceito letra D. O aval dado pela União foi excepcional por um ato dado pelo
Ministro da Fazenda. Esse conceito não foi dado a Porto Alegre por nós,
Vereadores da oposição. O Ver. Renato mostrou a preocupação de que nós não
estamos querendo contribuir com a Cidade. Evidentemente, queremos contribuir,
queremos discutir, dialogar sobre todos os assuntos do Estado, da Nação, mas,
principalmente, de Porto Alegre.
Os técnicos do Ministério da
Fazenda deram o conceito D para Porto Alegre, ou seja: “Apresenta resultado
primário negativo. As receitas são menores do que as despesas, não sendo
consideradas, nesse conceito, as receitas financeiras de operações de crédito e
alienações, bem como não leva em conta o desembolso com o pagamento da dívida -
conceito do FMI.”
Existem os conceitos A, B, C
e D. Porto Alegre está no último. Os municípios que recebem esse conceito não
têm condições de conseguir financiamento com organismos internacionais. Ora,
Porto Alegre conseguiu porque - está aqui na mensagem que o Senado Federal
aprovou - o Ministro da Fazenda avalizou essa operação desconsiderando a
conceituação dada para o Município de Porto Alegre. A mensagem diz: “Conforme
análise efetuada pela divisão de estados e municípios - CPEM -, por meio da nota
do SNT nº tal, com base na Portaria nº 89, do Ministério da Fazenda, de
25-4-97, o Município não possui capacidade de pagamento para honrar as
obrigações decorrentes da operação ora pleiteada, tendo sido enquadrado na
categoria B. Todavia, a Portaria do Ministério da Fazenda de nº 276, de
23-10-97, alterou a Portaria 89/97, estabelecendo condições para elegibilidade
para operações de crédito para concessão de garantia a exclusivo critério do
Ministro da Fazenda.” Aqui em Porto Alegre se dizia, na ocasião, que as
dificuldades de iniciar esta operação da III Perimetral encontrava-se lá com os
bancos mundiais, com os bancos internacionais, com o Ministério da Fazenda. Não
se dizia a verdade: que o Município de Porto Alegre não tinha conceituação
suficiente para tal.
É importante que tenhamos a
clareza de dizer para a população que o nosso Município passa por dificuldades,
e não enganar a população, dizendo que uma obra tão necessária, tão emergencial
para Porto Alegre não pode ser iniciada porque os bancos internacionais não
estavam vendo esta operação com boa vontade, ou o Ministério da Fazenda, que é
do PSDB, não estava querendo ajudar. Na verdade, Porto Alegre não atingia um
conceito, não estipulado pelo Ministério da Fazenda, mas pelo FMI, ao qual o
Ministério da Fazenda se enquadra nos conceitos. Porto Alegre atingia o mais
baixo dos conceitos, por isto inviabilizava a operação. Ela foi concretizada,
Ver. Hélio Corbellini, porque o Ministro da Fazenda, e isto é a peça que o
Senado votou, que os Vereadores, certamente os do PT votaram... E termina
dizendo: “mediante a qual o Sr. Ministro da Fazenda autorizou o prosseguimento
do exame da concessão da garantia da União por conta própria.”
O Ministro da Fazenda foi
sensível às dificuldades de Porto Alegre, às aspirações da população de fazer,
de imediato, esta obra, e, mesmo sabendo que o Município não se enquadra na
condição de receber este empréstimo, esse financiamento, com esse aval, o
Ministro passou por cima dos conceitos do Ministério, dos técnicos do FMI e do
Ministério da Fazenda e autorizou por decisão própria.
É importante debatermos,
Ver. Renato Guimarães. Fiquei esperando que V. Exa. pedisse um aparte, assim
como a Vera. Anamaria Negroni pediu quando V. Exa. falava. Estranhei que V.
Exa. não veio para o debate. Eu lhe daria o tempo suficiente, porque
enriqueceria o debate, mas não veio debater uma coisa de Porto Alegre. A
população sabe disto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Apregoamos
Requerimento de autoria da Vera. Anamaria Negroni, requerendo licença, por
motivo de doença, para o dia 18-8-98, no dia de ontem.
O Ver. Gerson Almeida está
com a palavra no período de Grande Expediente.
O
SR. GERSON ALMEIDA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, eu quero, neste momento de Grande Expediente,
anunciar à Câmara de Vereadores de Porto Alegre que acabei de dar entrada com
uma representação junto ao Ministério Público Federal contra a caracterizada
inércia administrativa dos órgãos de proteção ambiental, responsáveis pela
fiscalização e guarda da costa brasileira.
Essa representação foi
motivada porque, desde 1982, há registros anuais de mortandade de animais
marinhos nas costas brasileiras. Todos os anos há dezenas de pingüins e baleias
que aparecem exaustos ou mortos no nosso litoral, e todos os anos os órgãos
públicos dizem que vão abrir um inquérito administrativo para averiguar as
causas da mortandade. Só que as causas dessa mortandade já são conhecidas no
mundo inteiro. A organização ambientalista “Greenpeace”, por exemplo, já fez
uma denúncia internacional de que a costa sul do nosso País tem sido usada,
sistematicamente, como local de lavagem dos porões dos navios, especialmente
petroleiros, mas não apenas, e também de descarte de produtos químicos
altamente tóxicos.
Em 1978 aconteceu o fenômeno
chamado “maré vermelha”. Isso é uma causa natural - dizem pesquisas da época -,
pela grande proliferação de algas tóxicas. No entanto, há inúmeros cientistas,
especialistas na matéria, que até hoje sustentam a tese de que aquilo não foi
maré vermelha, não foi acarretado por causas naturais, que aquele episódio foi
acarretado pela liberação de produtos químicos do Navio Taquari, que foi
afundado na costa brasileira. Seria uma coisa muito simples comprovar a
veracidade ou não desse caso. Bastaria uma perícia no Navio Taquari, que até
hoje está afundado na costa, mas nenhum órgão fez a perícia. Portanto, as
notícias, as controvérsias e a desconfiança de que de fato não foi uma causa
natural, mas foi um crime ecológico cometido com a liberação de produtos
químicos, ganham certa sustentação. Mas desde 1982 eu apresentei recortes de
jornais ao Procurador da República, Fábio Bento Alves, com situações
semelhantes às que ocorreram agora, nos últimos dias, com as centenas de
pingüins mortos, o que tem acontecido anualmente. Portanto, nós não podemos
aceitar que a cada ano isso ocorra e a cada ano isso termine em nada e que os
órgãos públicos estaduais e federais, em boa parte responsáveis também por essa
fiscalização, tenham apenas um navio, que é o que a Marinha costeira tem, para
cuidar das duzentas milhas territoriais do mar brasileiro. A FEPAM, órgão
público estadual responsável pela
fiscalização e políticas do meio ambiente, tinha trezentos funcionários
há alguns anos e hoje não tem mais do que um terço disso. Ou seja: o permanente
sucateamento do órgão público de fiscalização e controle, a permanente
incapacidade técnica, não pela qualidade dos seus funcionários, que é muito
boa, mas a incapacidade técnica pela destruição e desmonte de vários órgãos, de
vários serviços e várias equipes de pesquisas e de controle, tem feito com que,
de fato, a costa brasileira seja hoje conhecida internacionalmente como a
verdadeira latrina dos navios do mundo inteiro.
Por isso, senhoras e
senhores, entrei com essa representação com o intuito de que efetivamente a
Procuradoria da República, a partir dessa tragédia que acometeu centenas de
pingüins, possa, de fato, dar um basta a esse ciclo que a cada ano nós
assistimos. E esse descaso faz com que navios atravessem os oceanos para
chegarem à costa brasileira, onde não há qualquer tipo de fiscalização, e lá
joguem produtos químicos para poder continuar singrando em outros mares. Isso é
um absurdo, porque as conseqüências desse tipo de situação para a vida humana,
para as populações ribeirinhas especialmente, ainda não são hoje conhecidas na
sua magnitude. A verdade é que algo que mata cento e cinqüenta, duzentos ou
trezentos pingüins, algo que mata, a cada ano, centenas de animais marinhos,
certamente tem acarretado prejuízos, especialmente às populações ribeirinhas. E
não é apenas o óleo ou produtos químicos. É também a verdadeira tragédia do
plástico, que tem feito com que dezenas de baleias em extinção, ao comer
plástico com os cardumes de peixes, sejam levadas à morte. Hoje há um descaso
absoluto com a produção e o descarte de lixo nas grandes cidades, onde, no
Estado do Rio Grande do Sul, o que se vê são lixões a céu aberto, poluindo os
cursos hídricos, um descaso absoluto da grande maioria dos prefeitos, um descaso
do Poder Público, na maioria dos casos. Porto Alegre é uma das poucas cidades
do Estado que tem aterro sanitário. Agora Gravataí, a partir do consórcio que
reúne cinco cidades, também terá. Esse é um problema global, um problema
ambiental gravíssimo para a qualidade de vida das populações.
Nós devemos lembrar que uma
das principais causas das hospitalizações - cerca de 70% - é a água poluída, o
esgoto e o saneamento não-tratados. Esse é um índice nacional. Felizmente, em
Porto Alegre esse índice é muito mais baixo. Portanto, essas questões de defesa
da qualidade de vida, de uma política ambientalmente correta que inclua ações
sociais, econômicas e políticas, são fundamentais. Para isso é preciso
construirmos outro paradigma de desenvolvimento, porque esse só leva à exclusão
social e à degradação da vida nas cidades. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Guilherme Barbosa está com a palavra em Grande Expediente.
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, uma vez o Ver. Jocelin Azambuja disse, desta
tribuna, que um governo sério deveria gastar 60% do seu orçamento em educação.
Ele teve a coragem de dizer isso. Quem não o conhece se impressiona com algumas
das suas afirmações.
É preciso dizer, para quem
não sabe, que nos dez anos de Administração Popular dobramos, praticamente, o
número de matrículas nas escolas de Porto Alegre. De tudo aquilo que a história
da Cidade tinha registrado nós dobramos o número. A cada ano o número de
matrículas aumenta nas escolas municipais. Milagre ninguém faz, nem nós, mas é
inegável a qualidade do investimento, a qualidade do ensino em Porto Alegre.
Pode melhorar, aumentar? Sim, com certeza. Estamos fazendo isso paulatinamente.
Em relação à discussão
trazida pelo Ver. Fernando Záchia, de fato é uma novidade. Eu gostaria de ler o
documento, porque não há notícias, neste tempo em que administramos a Cidade,
de que um pedido de financiamento tenha sido negado à Cidade de Porto Alegre
por qualquer organismo. São vários os que procuramos, desde os do Governo
Federal, como organismos internacionais de fomento, e nenhum deles negou à
Prefeitura de Porto Alegre qualquer financiamento. Isso seria uma novidade,
Ver. Záchia. Foi a Caixa Federal, várias e repetidas vezes, o próprio FUNDOPIMES,
que continua financiando a Prefeitura, e, de repente, surge um documento que
vem contra tudo isso. Portanto, temos que examinar melhor esse documento. Nunca
houve uma negativa de financiamento para Porto Alegre em cima das dificuldades
que Porto Alegre tivesse e tem, até porque nunca houve qualquer problema de
pagamento daquilo que se tem pedido. Aliás, cada vez que se honra um
compromisso realizado antes, isso faz com que se tenha mais crédito para buscar
outros.
Aliás, acrescento a isso
duas notícias que foram trazidas ao conhecimento da Cidade e do Estado e que
vão no mesmo sentido, embora de fontes diferentes. A economia de Porto Alegre
cresceu significativamente, de tal maneira que o bolo do ICMS que Porto Alegre
tem vai ser maior do que antes. Ao mesmo tempo, a indústria do Rio Grande do
Sul caiu, em julho, 4,7% - a maior queda do País. Quem pratica isenções
fiscais? Quem pratica guerra fiscal entre o Estado e o Município? Não é Porto
Alegre. As teses existem. Os livros recebem qualquer coisa. Agora, a única
medida, na verdade, é a prática, e a prática tem negado tudo o que V. Exa. tem
dito, ou seja, que a economia de Porto Alegre tem caído. O que eu afirmei foi
publicado no Diário Oficial do Estado. Depois eu gostaria de ouvir a explicação
que V. Exa. tem para isso.
Gostaria de trazer outro
assunto, que atingiu a mim diretamente. Com certeza, está atingindo a todos.
Recebi a conta do telefone celular, que foi bem acima da média. Fui olhar atrás
da conta, na descrição do serviço, de onde vinham as ligações: não há detalhes
dos serviços realizados. Procurei informações na CRT pelo telefone 2921403 -
CRT, privatizada, mudança na CRT - agora mistura de espanhóis com RBS - e
atende uma gravação. Não se consegue falar com pessoas. São informados vários
números, de acordo com o assunto. O meu
número era o do setor chamado SAC, 9821404 - saque no nosso bolso, talvez.
Ainda telefone celular: paga-se mais caro para obter informações, o que seria
obrigação. A informação é a seguinte: se quiser ter informação completa das
ligações realizadas, tem de se registrar um pedido e a cada mês pagar por isso.
Neste mês eu deveria primeiro pagar e, depois, obter as informações. Surpresa!
Como posso pagar por um serviço sem ter a descrição dele? Estou estudando o
Código de Defesa do Consumidor e já tenho alguma orientação. No
art. 6º, inc. III, diz o
seguinte: “São direitos básicos do consumidor a informação adequada e clara
sobre os diferentes produtos e serviços, classificação correta de quantidade,
características, composição, qualidade e preço, bem como os riscos que
apresentem.” Depois, no decreto que regulamentou essa lei, no art. 13, inc. I,
há a mesma orientação: “Serão consideradas, ainda, práticas infrativas, nas
forma do dispositivo da Lei nº 8.078” - que é o Código do Consumidor - “ofertar
produtos ou serviços sem as informações corretas, claras, precisas e
ostensivas.” Em língua portuguesa, suas características, qualidade, quantidade,
composição, preço, condições de pagamento. Uma ilegalidade evidente, explícita,
fazendo com que o consumidor tenha que pagar mais para saber aquilo que é a
obrigação daquele prestador de serviço. Mas a CRT, estatal, praticando esse
serviço? Aqueles que criticam o serviço público prestam, agora, esse tipo de
serviço ao consumidor, escondendo a composição do preço, exigindo que a gente
pague mais por aquilo que é seu
direito?
Estou aqui com o Código do
Consumidor, estudando que ação farei. Isso, evidentemente, não é só para o
Guilherme Barbosa, mas para todos os usuários do Sistema Celular CRT, agora
privado. A modernidade chegou ao Rio
Grande do Sul. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Hélio Corbellini está com a palavra em Grande Expediente.
O
SR. HÉLIO CORBELLINI: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, vou falar na confortável situação de ser o último
orador do Grande Expediente. Fiquei ouvindo atentamente todos os discursos. Nós
falamos em privatizações, na segurança, nas escolas, nos empréstimos do BID e
da Prefeitura e do meio ambiente. Sou um Vereador nubente de primeira legislatura. Não quero ofender ninguém. De
forma respeitosa digo que não acredito que o mundo seja maniqueísta. Não
acredito que o mundo se divida entre aqueles que são de Deus e aqueles que são
do Diabo. Eu não acredito que o mundo seja daqueles que só erram e daqueles que
só acertam.
Sem entrar no mérito das
privatizações, é inegável, é verdade, é irretorquível que o mundo passa por uma
frieza social imensa. Por que nós não reconhecemos isso? Nunca houve tão pouco
investimento na área social como nos tempos em que estamos vivendo. Eu vi,
vocês viram, V. Exas. viram o Presidente Fernando Henrique reconhecer que não
fez tudo aquilo que poderia ter feito. Reconheceu publicamente no seu programa.
Não estou questionando a privatização. É verdade, o celular é verdade. Se a
culpa é ou não da privatização, é outra questão. A verdade é que nunca foi bom
esse serviço, mesmo quando estatal, e agora tem de melhorar.
Sobre a questão da segurança
das escolas: não é atribuição do guarda municipal cuidar da segurança das
crianças. Não é. Está escrito nas suas atribuições. É esse debate que estamos
fazendo, e não conseguimos concluir, sobre o Conselho de Segurança no
Município. A segurança não pode ser uma atividade do Governo do Estado. A
segurança tem que ser uma atribuição do Município, porque é ali que o cidadão
mora. O cidadão está ali. Ali ele sente. O Prefeito é quem sabe. O Executivo é
que sabe.
É verdade o que o Ver.
Fernando Záchia disse sobre o empréstimo do BID, mas tem que se reconhecer que
no Brasil não existem critérios definidos, gerais, para se obter empréstimos no
Exterior. O Banco Central tem um critério. O Banco do Brasil tem outro
critério. O Ministério da Fazenda tem outro critério. Está naqueles documentos
e é isto que eu acho que moveu o Governo a ser o avalista. Está dizendo que o
déficit orçamentário da Prefeitura de Porto Alegre tem decaído de 123 milhões
para 5 milhões. Não foi uma atitude política. Foi o exame da vida e do
gerenciamento da Prefeitura de Porto Alegre.
É absoluta verdade o que o
Ver. Gerson Almeida falou sobre a nossa costa. Nunca, também, o mundo viu tanto
crime no meio ambiente. Isso vem na história. Os americanos acabaram com o seu
meio ambiente, os russos acabaram com o seu meio ambiente, a China devastou o
seu país. Como também é verdade que os nossos morros, aqui de Porto Alegre,
estão sendo destruídos. Literalmente, destruídos. Eu fui ao Morro São Pedro,
esses tempos, e vi, com muita tristeza, que o Morro não está sendo cuidado. É o
meio ambiente do nosso Município.
Bem, meus companheiros, nós
estamos em campanha e eu digo para as pessoas que agora todos vão dizer que vão
lutar pelo emprego, pela geração de renda, pela saúde, pelo trabalho. Olhando
os programas de televisão, nós vemos uma linha única. Todos têm a sua receita
de bolo no seu bolso e apresentam. Temos que, urgentemente, ter uma reforma no
sistema político brasileiro. Eu acho que cada vez mais os municípios têm que
assumir o poder de gerenciamento não só dos recursos públicos como, efetivamente,
da execução das políticas públicas. Enquanto todos os partidos e todos os
parlamentares não se dirigirem nesse sentido, nós vamos ficar nos debatendo
sempre, aqui, entre o certo e o errado - “eu sei que tenho a maior verdade do
que tu, tu estás mais errado do que eu” - para deixar para a população decidir
qual é o melhor caminho. É necessário, sim, que para isso também tenhamos a
coragem de ver que governos, partidos e pessoas cometem acertos e erros. Graças a Deus existem os
erros, porque sem eles nós não voltaríamos a acertar. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Passamos
à
1ª
SESSÃO
PROC.
2152/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 103/98, de autoria da Vera Anamaria
Negroni, que cria, no Município de Porto Alegre, o Ponto Fixo de Apoio no
serviço de transporte individual de passageiros (táxi).
PROC.
2221/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 022/98, que modifica o art. 71 da Lei nº 6309,
de 28 de dezembro de 1988, alterado pela Lei nº 6616, de 13 de junho de 1990,
que assegura gratificação de 110% aos funcionários com exercício em regime de
plantão no Hospital de Pronto Socorro, e dá outras providências.
PROC.
2282/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 106/98, de autoria do Ver. Antonio
Hohlfeldt, que denomina Av. Nestor
Valdman um logradouro público localizado no Bairro Jardim Itu-Sabará.
PROC.
2399/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 114/98, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
institui, no âmbito municipal, o Dia da Comunidade Luso-Brasileira e dá outras
providências.
PROC.
2436/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 026/98, que cria Funções Gratificadas junto à
Administração Centralizada e ao Magistério Público Municipal e dá outras
providências.
PROC.
2448/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 027/98, que autoriza a permuta de próprios
municipais, situados na Rua Tomás Flores nº 172 e na Avenida Azenha nº 1645,
pelo imóvel de propriedade de Reserva Construções e Empreendimentos Ltda.,
situados na Av. Prof. Oscar Pereira, nº 245 e nº 249, com pagamento de
diferença em espécie e índices construtivos.
2ª
SESSÃO
PROC.
3130/96 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 072/96, que declara de utilidade pública a
Augusta e Respeitável Loja Simbólica Adayr Figueiredo nº 81.
3ª
SESSÃO
PROC.
1998/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 094/98, de autoria do Ver. José Valdir, que
altera a Lei Municipal nº 7111, de 08 de julho de 1992, que institui a “Semana
Farroupilha” no Município de Porto Alegre e dá outras providências.
PROC.
2107/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 097/98, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que
determina a abertura dos portões do Mercado Público Central aos domingos e dá outras providências.
PROC.
2142/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 021/98, que autoriza alienação de próprio municipal
(sucessão de Carlos Siminovich).
PROC. Nº 2264/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 024/98, que altera o art. 1º da Lei nº 7092, de 19 de julho de 1992, que denomina Praça Zamprogna um logradouro público situado no Bairro Humaitá, e dá outras providências.
O
SR. PRESIDENTE: Há um
acordo de Lideranças para que não discutamos a Pauta. Está encerrada a Pauta.
O Ver. Renato Guimarães está
com a palavra para um Requerimento.
O
SR. RENATO GUIMARÃES (Requerimento):
Sr. Presidente, conforme conversação com a representação de todos os partidos,
foi acertada uma ordem para discussão dos processos na Ordem do Dia. Esta ordem
seria: fl.13, PLL nº 125/97; fl.26, PDL nº 009/98; fl.04, PELO nº 003/96;
fl.09, PLL nº 060/97; fl.15, PLL nº 144/97; fl. 21, PLL nº 036/98; fl. 25, PLL
nº 083/98; fl. 29, PR nº 017/98; e fl. 30, PR nº 023/98.
O
SR. PRESIDENTE: Em
votação o Requerimento do Ver. Renato Guimarães. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Havendo quórum, passamos à
Solicito que o Ver. Isaac
Ainhorn assuma a Presidência dos trabalhos.
(O Ver. Isaac Ainhorn assume
a Presidência dos trabalhos.)
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL:
Sr. Presidente, hoje é o Dia do Fotógrafo. Eu gostaria que ficassem consignados
os cumprimentos aos fotógrafos desta Casa em nome de todos os Vereadores.
(Palmas.)
DISCUSSÃO
GERAL E VOTAÇÃO
PROC.
2055/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 125/97, de autoria do Ver. Luiz Braz, que inclui
§§ 3º e 4º no art. 1° da Lei nº 6091, de 14 de janeiro de 1988, que regula o
serviço de transporte escolar no Município de Porto Alegre e dá outras
providências. Com Emendas nºs 01, 02 e
03.
Pareceres:
-
da CCJ. Relatores Ver. Cyro Martini: pela
aprovação do Projeto e da Emenda nº 01; Ver. João Motta: pela aprovação das
Emendas nºs 02 e 03;
-
da CEFOR. Relator Ver. Clovis Ilgenfritz:
pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01, 02 e 03;
-
da CUTHAB. Relatores Ver. José Valdir:
pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 02 e pela rejeição da Emenda nº 01;
Ver. Antônio Losada: pela aprovação da Emenda nº 03;
-
da CECE. Relator Ver. Antonio Hohlfeldt:
pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01, 02 e 03.
O
SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Em
discussão o PLL nº 125/97. (Pausa.) Não havendo quem queira discutir, encerrada
a discussão.
Em votação. O Ver. Luiz
Braz, autor do Projeto, está com a palavra para encaminhar.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Ver. João
Dib, eu quero tranqüilizar os permissionários, porque nós encerramos o período
da discussão do Projeto e estamos no período de encaminhamentos, já que existe,
praticamente, uma unanimidade. Pelo que sentimos, a grande maioria de
Vereadores vai votar favorável a este Projeto de Lei. Aliás, eu quero, para ser
justo com todos os Srs. Vereadores, dizer que este Projeto não é, na verdade,
fruto da nossa imaginação. Ele é fruto de um trabalho muito grande realizado
por aqueles que dirigem a Associação e que, depois de várias discussões que
ocorreram com seus associados, fez com que este Vereador fosse apenas o canal
para que pudéssemos fazer com que o Projeto tramitasse aqui, nesta Casa. Não
apenas o Projeto em si, mas todas as emendas que fazem parte do processo foram
discutidas com os permissionários e, através do Joel, que é Presidente da entidade,
foram encaminhadas para a nossa Câmara Municipal. Através de nosso gabinete,
fizemos com que as emendas pudessem constar do processo, porque foi uma fase em
que estávamos depurando e apurando aquilo que nós tínhamos de melhor dentro do
processo.
Este Projeto, na verdade, é
um projeto da categoria, daqueles que trabalham no transporte escolar. Não é um
projeto que foi imposto por um Vereador desta Casa para que ele pudesse
tramitar e depois a categoria ser consultada. Nós fizemos questão de registrar
isso para que todos os Vereadores se sintam muito à vontade para votar a
matéria. Acredito que ela seja justa, já que a única categoria de
transportadores que não tem esse tipo de benefício, que nós discutimos dentro
desta legislação, são exatamente os transportadores escolares. Nós já temos
esse regramento para os coletivos, lotações e taxistas. Aliás, no que concerne
aos táxis, nós temos ainda um problema de regulamentação junto à
Secretaria Municipal de Transportes, já
que a lei existe, mas a Secretaria Municipal dos Transportes não chega a uma
definição junto à classe dos taxistas para que aquela lei possa se tornar, na
prática, um benefício tanto para aqueles que exercem a função de condutores
autônomos quanto para toda a população da Cidade.
Cumprimento a categoria dos
transportadores porque sei que eles deixaram as crianças nas suas casas,
fizeram o trabalho que tinham que fazer pela manhã e estão aguardando firme -
aliás, num número bastante representativo - para acompanhar a votação desse Projeto.
Nós somos sabedores de que eles precisam voltar quase que imediatamente para o
seu trabalho, já que está chegando a hora de buscar as crianças nas escolas. Eu
sei que os senhores prestam um grande trabalho para a sociedade. É claro que é
um trabalho que, através da Associação, está sofrendo muitas melhoras. São
muitos os planos que estão sendo discutidos, mas tenho certeza absoluta de que,
no momento, ele já pode ser qualificado como um bom trabalho. Isso faz com que
toda esta Casa tenha demonstrado, na apreciação deste Projeto de Lei, toda essa
boa vontade que nós sentimos em todas as bancadas quando discutiram essa
matéria. Na verdade, não sentiram nenhum tipo de armadilha, nada que pudesse
fazer com que esta Casa estivesse legislando de uma maneira errada, apenas
sentindo que nós queríamos fazer com que a legislação desse setor pudesse ser
completada.
Acredito que o Projeto,
juntamente com as emendas, vai fazer com que possamos ter um bom texto de lei,
e é exatamente isto que queremos sempre que votamos aqui qualquer projeto, seja
ele de qualquer vereador, seja ele de qualquer bancada, mas esse Projeto eu
faço questão de ressaltar que é um projeto da categoria. Não é um projeto do
Ver. Luiz Braz. É a categoria que está apresentando o Projeto que está sendo
apreciado por todos nós. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Para
encaminhar, tem a palavra o Ver. Elói Guimarães.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, este Projeto de autoria do Ver. Luiz Braz é o que
se pode dizer um bom projeto. Na oportunidade que tenho em vir à tribuna faz-se
desnecessária a defesa do Projeto, evidentemente, mas se presta para que se dê
publicidade ao serviço de transporte escolar em Porto Alegre, que vem, a cada
ano, sendo qualificado pelo esforço de seus permissionários, pelo esforço que
vem desenvolvendo a Associação. Quando fui Secretário dos Transportes era
Presidente, na época, o Jeferson, que está aqui neste momento. Ele é um
pioneiro. Foi o primeiro Presidente da Associação. Fez um esforço muito grande,
porque, naquele período, as coisas estavam iniciando e enfrentavam imensas
dificuldades. Mas o serviço foi-se impondo, se qualificando e hoje, através da
Presidência do Joel, parece que a Associação vem atingindo um nível de qualificação,
de segurança, muito importante. Tive a oportunidade de visitar, e seria
interessante que todos os Vereadores visitassem a Associação para verem o que
está se desenvolvendo lá, inclusive com aulas, com professores, psicólogos,
gente especializada, conversando com os motoristas para que eles estejam
atentos à especialidade desse serviço. Aquela expressão o “tio da Kombi” é uma
expressão extremamente importante, porque o permissionário escolar, quando pega
uma criança, aquilo é o prolongamento do lar ou da escola. Esta relação não
pode ser interrompida. E, nesse sentido, a Associação, e este é o objetivo da
minha intervenção, vem fazendo um grande trabalho, procurando professores
especializados, pois, na maioria, são os proprietários, são os próprios
permissionários, na sua maioria esmagadora, que fazem o transporte com as
crianças. Então, é muito importante, além da segurança do transporte em si,
essa relação que o “tio da Kombi” estabelece com a criança, que vem do lar, do
seio da família, e é levada à escola e da escola para casa. Então, essa
interação que faz o “tio da Kombi” eu acho extremamente importante e é nesse
sentido que venho cumprimentar o Projeto, já que se trata de um projeto
tranqüilo e uma votação tranqüila. É importante até porque os demais modais têm
essa publicidade. Primeiro foram os ônibus, as lotações, depois os taxistas e,
agora, o transporte escolar.
Então, eu quero aqui,
aproveitando até o espaço da mídia... Nós agora temos uma audiência muito
grande. Já me disseram que há duzentos mil assinantes da NET em Porto Alegre.
Não sei se procede isso. O que sei é que muitas pessoas, na rua, estão nos
assistido, Ver. Lauro Hagemann, e dizendo: “Tenho acompanhado o programa da
Câmara no Canal 16.” Então, é importante nós virmos à tribuna para discutir o
sistema de transporte escolar e dizer que o serviço atingiu ou está atingindo
níveis de alta qualificação para as nossas crianças, para os nossos escolares.
Então, é nesse sentido, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que venho à tribuna para
dizer que se trata de um bom projeto, que nós, evidentemente, mansa, tranqüila
e pacificamente vamos aprovar. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Carlos Garcia está com a palavra
para encaminhar o PLL no 125/97.
O
SR. CARLOS GARCIA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Srs. permissionários de transporte escolar do
nosso Estado, primeiramente gostaríamos de parabenizar o Ver. Luiz Braz, que
colocou que o Projeto não é de sua autoria, mas que é o porta-voz. Eu acho que
é de sua autoria, sim, Vereador, porque a representatividade desta Casa se dá
por esse segmento. Então, no momento em que V. Exa. entrou com este Projeto,
ele é de sua autoria, porque, na realidade, nós representamos diversas
categorias da nossa Cidade. E, por esse motivo, gostaria de parabenizá-lo.
Lerei o parágrafo 4º do
Projeto de Lei, que é bem simples, mas tem um caráter social que é o mérito do
Projeto. Diz: “Os recursos auferidos pelos permissionários deverão ser
exclusivamente aplicados para subsidiar programa de assistência médica e
hospitalar para permissionários, motoristas e dependentes, vedada sua
utilização para qualquer outra finalidade, devendo o programa de que trata este
parágrafo ser assistido pelo sindicato da categoria e pela empresa encarregada
da comercialização da propaganda no veículo de transporte escolar.”
Gostaríamos de parabenizar o
Presidente Joel e sua diretoria, aqui presente, e de ressaltar que não é
simplesmente uma associação. Esse grupo cresceu e hoje é o Sindicato de
Proprietários de Veículos Escolares do Estado do Rio Grande do Sul. Então, esta
lei municipal, temos certeza, será o embrião para que todo o transporte escolar
do Rio Grande do Sul seja contemplado. E eu acho que é isso que o Sindicato
espera a médio e longo prazo.
Ao mesmo tempo, tive a
oportunidade de visitar o Sindicato e convido os demais Vereadores para que
visitem, “in loco”, para verificar o que o Sindicato está fazendo, ou seja, já
estão montados os consultórios de odontologia, de pediatria e clínica geral.
Hoje, em Porto Alegre, são setecentos veículos e envolvem três mil pessoas
nessa categoria, o que, por si só, já tem um caráter social muito grande.
Recentemente, saiu em jornal
da Capital, e é digno que se faça esse registro, mais precisamente no dia 02 de
agosto, a publicação de zero acidentes no transporte escolar em Porto Alegre,
com isso mostrando, também, a seriedade, o cuidado e o zelo que esta categoria
tem pelos nossos filhos e pelos cidadãos. Portanto, o Ver. Luiz Braz e a categoria
estão de parabéns por apresentarem este Projeto, que tenho a certeza de que
será aceito por todos os Vereadores desta Casa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Reginaldo Pujol está inscrito para encaminhar.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, o Projeto de Lei que estamos encaminhando à
votação, de autoria do Ver. Luiz Braz, inclui parágrafos 3º e 4º no art.1º da
Lei nº 6.091, de l4 de janeiro de 1988, que regula o serviço de transporte
escolar no Município de Porto Alegre e dá outras providências.
Essa Lei 6.091, que vigora
desde 1988, tem a firmá-la o então Prefeito da Cidade Alceu Collares e o seu
Secretário de Transporte, nosso colega Ver. Elói Guimarães, que já teve a
oportunidade, da tribuna, de colocar as suas posições acerca desse Projeto de
Lei, fazendo, inclusive, uma análise muito bem fundamentada do histórico do
Projeto, do histórico do processo e enaltecendo, inclusive, a categoria
envolvida no processo: os permissionários do chamado transporte escolar em
Porto Alegre, que, aliás, desde muito cedo, estão hoje aqui na Casa. E nós logo
percebemos que eles estavam aqui porque os nossos estacionamentos estavam
tomados com aquelas camionetas com a tarja amarela, que identifica o transporte
escolar em Porto Alegre.
A presença dos cidadãos que
trabalham nesse setor me deixa muito à vontade para dizer o que vou dizer
agora, porque não está sendo julgado se a Associação está bem conduzida, está
bem dirigida, se eles estão cumprindo ou não cumprindo a Lei, porque isto não
está em tela. Nós não estamos aqui para fazer uma lei que tenha como única
finalidade atender o reclame, uma reivindicação da parte dos permissionários do
transporte escolar. Nós temos um dever com a Cidade. Então, nós precisamos ter
a cautela de saber se o que nós vamos decidir, que é do interesse dos
transportadores de escolares de Porto Alegre, colide com o interesse coletivo,
se ocasiona algum prejuízo à sociedade ou a parte dessa mesma sociedade.
Na minha opinião, Sr.
Presidente, a solução proposta pelo Projeto do Ver. Braz é inteligente, porque,
em última análise, é uma forma de capitalizar a Associação para que ela cumpra
uma atividade relevante, que é melhor atender os integrantes da sua categoria,
ensejando a eles o acesso a alguns serviços característicos do associativismo,
eis que é natural que sejam os representantes da categoria “os interessados em
que os recursos auferidos pelos permissionários devam ser exclusivamente
aplicados para subsidiar programa de assistência médico-hospitalar para os
permissionários, motoristas e dependentes, vedada a sua utilização para
qualquer outra finalidade, devendo o programa de que trata este parágrafo ser
gerido pelo sindicato da categoria”. Ora, é aí que eu vejo inteligência.
Tivesse esse Projeto inserida em si mesmo qualquer transferência de obrigações
para o usuário, para os pais, para os meninos, não teria a minha simpatia, nem
a presença dos simpáticos integrantes da categoria, que habilmente têm feito
proselitismo a favor do Projeto, iria inibir-me de me posicionar contra. A
inteligência está no fato de que o que estamos fazendo é abrir uma faculdade
para que a categoria organizada, por meio de um diploma legal, veicule em seus
equipamentos propaganda comercial de empresas que irão aderir, na sua
conveniência, a esse Projeto, pagando para a entidade o valor que vier a ser
contratado.
Concluo, dizendo que é
inteligente a proposição. Por ser inteligente a proposição e por ver nela uma
forma de se privilegiar uma categoria organizada sem ir de encontro ao
interesse coletivo é que eu estou aqui, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em
meu nome e em nome do Ver. Gilberto Batista, meu companheiro de bancada. Quero
dizer que nós, do PFL, não temos nenhum óbice doutrinário. Até aplaudimos a
iniciativa, porque é com iniciativas inteligentes e criativas que podemos
construir uma sociedade onde as pessoas livremente pugnem pelos seus
interesses, como está fazendo a categoria através do Projeto do Ver. Luiz Braz,
que tem o nosso apoio. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a
palavra, a Vera. Anamaria Negroni, que encaminha pelo PSDB.
A
SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, senhores e senhoras que acompanham a nossa
Sessão, que representam a categoria, cidadãos e cidadãs de Porto Alegre que
acompanham a Sessão.
Primeiro, gostaríamos de
parabenizar o Ver. Luiz Braz pela oportunidade de apresentar o Projeto que
representou bem a categoria. Além disso, temos uma emenda, apresentada pelo
Ver. Cyro Martini, ao art. 1º, parágrafo 3º, que faz um acréscimo, colocando:
“Ficam autorizados os permissionários a utilizar as faces interna e externa
para exposição de anúncios de propaganda, observadas as restrições de trânsito
pertinentes.”
O Ver. Luiz Braz
complementou com a Emenda 02, reformulando o parágrafo 3º, dizendo: “Ficam
autorizados os permissionários, através do sindicato, a utilizar as faces
internas e externas dos veículos para exposição de anúncios de propaganda. Os
recursos auferidos pelo permissionários deverão ser exclusivamente aplicados
para subsidiar programa de assistência médico-hospitalar para permissionários,
motoristas e dependentes, vedada a sua utilização para qualquer outra
finalidade, devendo o programa de que trata este parágrafo ser gerido pelo
sindicato da categoria.”
Mais louvável ainda é a
Emenda nº 03, do nobre Ver. Clovis Ilgenfritz, que acrescenta o parágrafo 5º,
que diz que “fica vedada qualquer veiculação de anúncios de propaganda que
contenham mensagens político-partidárias”, logo vinda de um militante petista,
que usam em tudo o que podem a sua propaganda. Realmente, acho que é bastante
louvável essa referência. E mais: “que sejam vedadas as mensagens alusivas ao
incentivo ao uso e consumo de cigarros e assemelhados e de incentivo ao uso e
consumo de bebidas alcoólicas.”
Na realidade, esse parágrafo
deveria constar aqui, e nós pensamos da mesma forma. Inclusive temos projetos
nesse sentido em Porto Alegre, projetos que vedam que “outdoors” que veiculem
bebidas, cigarros e assemelhados estejam próximos 300m de escolas. Acredito que
essa Emenda vem corroborar esse Projeto, que é singelo, mas muito importante
para a categoria, pois ele estende os benefícios que já existem à categoria do
transporte de lotação escolar.
Parabenizo o Ver. Luiz Braz
e os outros Vereadores que apresentaram emendas e que estiveram interessados em
colaborar com esse Projeto e de maneira significativa também o Ver. Clovis
Ilgenfritz por essa inserção, que é a proibição de veiculação de propaganda que
incentive o uso de drogas e bebidas alcoólicas. A iniciativa tem mérito e é um
brinde à categoria de vocês. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Jocelin Azambuja está com a palavra para encaminhar o PLL nº 125/97.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, por uma deferência especial dos meus colegas
de bancada, eu pedi para fazer um pequeno encaminhamento para registrar o nosso apoio ao nosso companheiro
de bancada Ver. Luiz Braz, que fez um projeto importantíssimo para a categoria,
até porque sempre tivemos uma relação muito afetiva com a antiga Associação dos
Transportadores Escolares, que se transformou em um sindicato atuante. Quando
eu presidia a Associação do Círculo e Pais e Mestres do Rio Grande do Sul, na
década de 80, nós tínhamos um trabalho muito integrado e muito positivo, e a
Associação ajudou muito no aperfeiçoamento do transporte escolar, tanto nas
escolas privadas como nas escolas públicas. Tivemos sempre um trabalho de
parceria muito grande entre as Associações de Pais e Mestres com a Associação,
e hoje, para alegria nossa, com o Sindicato. Foi muito importante, porque se
disciplinou muito o trabalho. Contou-se sempre com o apoio sério e responsável
de todos os proprietários de veículos e isso fez com que o trabalho se
aperfeiçoasse.
Como aqui foi ressaltado, a
questão de segurança hoje atinge o índice zero de acidentes, que é aquilo que
mais queremos que cada vez mais se mantenha, com um trabalho de qualidade,
eficiente. Então, achamos, logicamente, que esse Projeto vem complementar esse
processo todo que é de fortalecimento da categoria, de direcionar as verbas de
publicidade logicamente no aperfeiçoamento do processo de tornar a vida de
todos melhor. Neste sentido, nós encaminhamos o apoio a todos e em especial ao
Sindicato. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: A Vera.
Maria do Rosário está com a palavra para encaminhar.
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Vereadoras, profissionais que atuam com
transporte escolar e que acompanham esta Sessão. O Projeto apresentado pelo
Ver. Luiz Braz foi discutido com a Administração Municipal e nós queremos
apenas registrar que existe um entendimento por parte da Administração
Municipal de que ficou uma lacuna quando se definiu por uma legislação.
Trabalhando a questão da
propaganda nos veículos de transporte coletivo, estabeleceu-se esta possibilidade para ônibus, para táxis, na
face externa dos veículos. Estabeleceu-se esta possibilidade também para os lotações
e, quanto ao transporte escolar, não houve esta definição. Então, na verdade,
corrige-se aqui. Vamos ter essa possibilidade. Somente temos um posicionamento
favorável porque existe, por parte da categoria, do Sindicato, a disposição e o
acordo de que esses recursos estão absolutamente casados com a melhoria da
condição de vida do próprio trabalhador através de programas específicos de
atendimento à saúde. Nesse sentido, a nossa bancada vota favoravelmente e
queremos discutir essa questão como um todo.
Na verdade, a Bancada do PT
aqui na Câmara tem levantado outras questões acerca dessas arrecadações, como,
por exemplo, que nós devêssemos caminhar futuramente para um fundo único
relacionado a essas questões. Mas a Secretaria Municipal dos Transportes estuda
a matéria, o Conselho Municipal dos Transportes estuda a matéria, e hoje o que
estamos fazendo é um ato correto votando o Projeto de autoria do Ver. Luiz Braz
na medida em que temos o desejo de recuperar algo que ficou, na verdade,
não-aprovado para esta parcela do transporte público, parcela pela qual temos
muito carinho porque sabemos que Porto Alegre deve-se orgulhar de ter um
transporte escolar que oferece segurança às crianças, aos adolescentes, que
garante um atendimento de qualidade. Hoje não vemos o transporte escolar,
enfim, envolvido em algum tipo de acidente, em nada que venha a desmerecer um
atendimento que é absolutamente importante e que precisa ser feito com muita
qualidade. Então, até mesmo pelo cuidado que esses profissionais têm tido com
toda a Cidade, com as crianças, com os adolescentes, precisamos dar atenção a
esse segmento, que é formado por pequenos empresários, em que cada um tem o seu
empreendimento, o seu carro colocado numa escola, vinculado, muitas vezes, à
vida daquela escola, à comunidade escolar.
Enfim, por esse respeito que
temos, estamos, neste momento, aprovando esta matéria, que é uma demanda, e o
fazemos em nome do PT também. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Lauro Hagemann está com a palavra para encaminhar.
O
SR. LAURO HAGEMANN: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, o tamanho desse Projeto é inversamente
proporcional ao tempo que se gastou fazendo laudações. Eu apenas vou votar a
favor porque é um projeto que interessa à coletividade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Ver.
João Dib, esta Presidência consulta se V. Exa. mantém a inscrição.
O
SR. JOÃO DIB: Não, eu
desisto.
O
SR. PRESIDENTE: Não há
mais inscritos para encaminhar a matéria. Em votação o PLL no 125/97.
Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em votação a Emenda nº 01.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Em votação as Emendas nºs 02
e 03. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que as aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADAS por unanimidade.
Solicitamos que o
Vereador-Presidente, que estava impedido de dirigir os trabalhos, reassuma o
comando da Sessão. Agradecemos a colaboração do Ver. Reginaldo Pujol, 3º
Secretário da Mesa Diretora
(Troca-se a Presidência dos
trabalhos.)
A
SRA. ANAMARIA NEGRONI (Requerimento): Sr.
Presidente, eu gostaria que constasse em Ata que o Projeto foi aprovado por unanimidade.
O
SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Está
certo, Vereadora. Muito obrigado.
PROC.
2042/98 - PROJETO DE DECRETO
LEGISLATIVO Nº 009/98,
de autoria da Comissão de Economia, Finanças e Orçamento, que aprova as Contas
da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, referentes ao exercício de 1995.
Parecer:
- da CEFOR.
Relator Ver. João Dib: Parecer resultou em empate.
O
SR. PRESIDENTE: Em discussão geral e votação o Proc. nº
2042/98 - PDL nº 009/98, de autoria da Comissão de Economia, Finanças e
Orçamento.
O art. 124 do nosso
Regimento diz que hoje, se os Vereadores quiserem votar contrariamente ao
Parecer do Tribunal de Contas, esta Casa terá que se manifestar por 2/3, no
mínimo. Para convalidar essas Contas não serão necessários os 2/3.
O Ver. João Dib está com a
palavra para discutir.
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. “Prometo cumprir a Lei Orgânica do Município de
Porto Alegre e defender a autonomia Municipal e exercer com honra, dignidade e
dedicação o mandato que me foi conferido pelo povo.” Quem não cumprir esse
juramento é perjuro.
Fiz um parecer na Comissão
de Finanças pela rejeição das Contas do Prefeito Tarso Genro no ano de 1995 e o
fiz, em primeiro lugar, amparado na Lei Orgânica, que diz, em seu art. 122:
“São vedadas abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização
legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes.” O Prefeito de Porto
Alegre, usando da sua caneta, tem feito, ao longo dos anos, decretos de
suplementação à conta de excesso de arrecadação que não se realiza. Nesse ano
de 1995 não foi diferente. Cinqüenta e oito milhões de reais. Foram feitos
decretos e suplementação sem a correspondente cobertura por excesso de
arrecadação na forma da Lei 4.320. Uma infração à Lei Orgânica. Uma segunda
infração: o art. 164 diz que “o Sistema Único de Saúde, no âmbito do Município,
será financiado com recurso orçamentário do Município, do Estado, da União, da
Seguridade Social, além dos provenientes de outras fontes”. O parágrafo 2º diz
que “o montante das despesas com saúde não será inferior a 13% das despesas
globais do orçamento anual do Município”. O art. 2º da Lei Orgânica, que
juramos cumprir, diz que o Município é constituído por dois Poderes - o
Executivo e o Legislativo. Não menciona Administração Centralizada como se
fosse um poder do Município, e sim parte do Poder Executivo. Ele declara, na
página 1.260 - da Prestação de Contas do Tribunal -, que gastou 14% e alguns
quebrados dos recursos da Administração Centralizada. Esquece as autarquias e a
sua fundação. O art. 183 diz que o Município nunca aplicará menos de 30% da
receita resultante de impostos, nela compreendida a proveniente de
transferência da União e do Estado, na manutenção e desenvolvimento do ensino
público municipal. Trinta por cento não foram aplicados. O Prefeito declara e
assina que aplicou 24.67% - portanto, mais uma vez a Lei Orgânica foi
descumprida. Eu fico entusiasmado com o acompanhamento que se faz e com o
debate que está sendo travado neste momento.
Em sua colocação, o Tribunal
de Contas menciona o seguinte: “Deveria ser advertido o responsável...” - o
Prefeito Municipal - “...de que a prática futura de atos semelhantes aos
destacados na instrução da Supervisão de Instrução de Contas Municipais poderá
implicar emissão de parecer desfavorável às contas com fundamento no art. 5º da
Resolução nº 414/92.” Essa Resolução menciona que não se podem abrir créditos
suplementares sem a conseqüente cobertura. Não houve a cobertura, conforme o
próprio Tribunal verificou. E também, em 1993, nas Contas do Prefeito Tarso
Genro, ele abriu créditos suplementares na ordem de cerca de 3 bilhões de
cruzeiros, sem cobertura. Em 1995, 58. O Prefeito Raul Pont já segue o Prefeito
Tarso Genro, abrindo, em 1997, 59 milhões de reais sem cobertura financeira de
decretos com suplementação. Ou nós votamos a Lei Orgânica para que ela seja
cumprida ou ela foi apenas feita para que nos alegremos.
A Constituição do Município
é a Lei Orgânica. Sei que são necessários dois terços dos Vereadores -
portanto, vinte e dois Vereadores - para rejeitar as Contas do Prefeito. É preciso
que se marque, claramente, que as Contas não foram corretas, como as de 1997,
que têm suplementação sem cobertura financeira, sendo que a Resolução do
Tribunal de Contas diz que não pode ocorrer tal fato. Levo à consideração dos
Srs. Vereadores o que diz na Lei Orgânica e os números colocados na Prestação
de Contas do Prefeito, e por ele assinados, sendo que a Lei Orgânica foi
desrespeitada no caso da saúde e da educação. Espero a análise criteriosa e
correta de todos os Vereadores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Adeli Sell está com a palavra para discutir. Desiste. O Ver. Juarez Pinheiro
está com a palavra. Desiste. O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra para
discutir o PDL no 09/98.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, é extremamente preocupante esse Parecer dado pelo
Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul. O Ver. Adeli Sell, como
Presidente da Comissão de Finanças e Orçamento, e o Ver. João Dib, como membro
da Comissão e relator da matéria, souberam interpretar muito bem a questão que
ali estava apresentada, porque temos há muito tempo discutido nesta Casa que o
Executivo Municipal não pode governar por decretos. Essa é uma prática em que,
lamentavelmente, o Governo Municipal tem insistido, não respeitando a
legislação e o Poder Legislativo, porque toda a suplementação de verba tem que
passar por esta Casa. Não pode ficar o Poder Executivo legislando por decretos.
Vejo como é interessante
quando se é poder e quando não se é poder. Existem críticas permanentes ao
Governo Federal por muitas vezes legislar dessa forma, mas, quando se é Governo
Municipal, a prática é a mesma. Vejam como é interessante! Criticam o
Presidente da República, muitas vezes, por agir na defesa dos interesses do
País, seja através de medidas provisórias ou de outros instrumentos, e fazem
uma crítica dura nesta tribuna ou em outras tribunas. Pois o Governo Municipal
gosta também de legislar por decretos. Suplementa verbas por decreto e fere os
princípios legais, e o próprio Tribunal de Contas adverte, então, o Governo
Municipal e no caso, à época, o Dr. Tarso Genro, que era Prefeito da Cidade,
por agir contrário à legislação, por ferir a Lei Orgânica do Município, por
ferir, então, a nossa Constituição. E, da mesma forma, alerta o Tribunal de
Contas, no seu Parecer, que deve estar continuando a ser exercida a
administração por decretos. O Governo Municipal continua a agir erradamente.
Tem de aprender o Governo Municipal, o Prefeito da Cidade, que toda matéria de
suplementação terá que ser encaminhada a esta Casa, terá que ser votada pelo
Poder Legislativo. E o que o Governo Municipal tem feito é exatamente o
contrário, desconsiderando e legislando através dos seus decretos. E por isso
foi sábio o Tribunal de Contas, que poderia ter rejeitado amplamente as Contas
do Prefeito, então Tarso Genro, as Contas do partido que governa a Prefeitura
Municipal desde aquela época. O Tribunal de Contas fez a ressalva, alertou, mas
me parece que o alerta ainda não serviu, porque continuam a exercer a
administração dentro destes princípios, por decretos, desconsiderando o Poder
Legislativo.
Outro fato importante nesta
questão levantada pelo Tribunal de Contas é que o Governo Municipal não aplica
o que a lei manda em educação, e isto é muito grave. Não aplica em saúde o que
manda a lei. Isso é muito grave. E, além disso - vejam bem, Srs. Vereadores
-, nesses 24,7% está incluída a FESC.
Quer dizer: além de não cumprir os 30% da Lei Orgânica, ainda embute na despesa
de educação a FESC, que é a responsável por assistência social e não por
educação. Então, vejam bem, Srs. Vereadores, a gravidade disso. E é bom que a
população de Porto Alegre, que o povo do Estado do Rio Grande do Sul saiba que,
em Porto Alegre, não se cumpre a lei, não se aplica o que manda a lei em
educação.
O
SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): A
Vera. Tereza Franco inscreve-se para discutir e cede o seu tempo para o Ver.
Jocelin Azambuja, com a anuência do Ver. Reginaldo Pujol.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA: Muito obrigado, Vera. Teresa Franco, e
agradeço ao Ver. Pujol.
O
Sr. João Dib: V. Exa. me
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Jocelin Azambuja, é
importante que se considere que, no ano de 93, a Administração Tarso Fernando
Genro aplicou apenas 21% na educação. O Tribunal de Contas parece equivocar-se
pensando que deve ser de 25% o montante a ser aplicado. Parece não conhecer a
Lei Orgânica, que diz que o montante é de 30%.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA:
Por outro lado, Ver. João Dib, se tirarmos os mais de 2% da FESC... E, em 93,
quando denunciamos, só tinham aplicado cerca de 19% em educação. Então, agora,
dos 24%, estão aplicando em torno de 21% ou 22% em educação, porque este jogo
de se colocar a FESC, entidade constituída para as políticas de assistência
social, dentro da área da educação é um posicionamento errado. Depois, vem o
Governo, através de seus representantes nesta Casa, reclamar que o Governo
Federal não está repassando mais verbas à educação de Porto Alegre. Mas como o
Governo Federal vai repassar à Prefeitura de Porto Alegre se a Prefeitura não
aplica nem o seu orçamento em educação, não cumpre nem a sua Lei Orgânica? Não
aplica nem o seu orçamento em educação e vai questionar o Ministério da
Educação? O pior é que divulga, com o dinheiro do povo - aí, sim, agindo
erradamente, pelos meios de comunicação no seu programa de publicidade -, que
aplica o que a lei determina em educação, quando todos sabemos que não é
verdade. Por sorte, temos um canal de televisão próprio, onde a Câmara pode dizer
à população a verdade sem gastar os milhões que são gastos em publicidade no
Governo Municipal - mais de 10 milhões neste ano - para mentir para o povo,
dizer para o povo que investe em educação quando não investe. Como vão ter
condições de fazer críticas aos Governos Estadual e Federal? Com que princípio
de responsabilidade? Quem não aplica o que a lei manda em educação no seu
município como pode fazer qualquer crítica aos Governos Estadual e Federal?
Falta idoneidade, porque, quando se faz uma crítica, tem que estar respaldado
por ter atos corretos. Se não estou agindo corretamente, se o Governo Municipal
de Porto Alegre não age corretamente, não aplica em educação o que a lei manda,
como é que algum parlamentar do PT tem a coragem de questionar qualquer governo
sobre aplicação em educação ou querer reclamar do Governo Federal repasse de
verbas para a educação em Porto Alegre? É simplesmente uma vergonha. Eu, se
fosse um representante do Governo que aí está, se fosse um representante do PT,
jamais iria a uma tribuna para falar em educação se não cumpro nem a Lei Maior
do Município, se sou governo e não aplico em educação.
O Tribunal de Contas tem de
dizer, então, à população, ao povo do Rio Grande que em Porto Alegre não se
cumpre a lei e que o Governo Municipal legisla por decreto, que não legisla com
o Poder Legislativo, que aplica recursos indevidamente e que não cumpre a lei
máxima do Município, a Lei Orgânica. Então, Srs. Vereadores do PT, não subam
mais à tribuna para fazer críticas, porque têm telhado de vidro, e é um telhado
de vidro muito frágil. Não conseguem aplicar em educação em Porto Alegre e
agora querem até tirar a segurança das escolas. Sabe por que, Ver. Dib? Eles
querem diminuir o pessoal, querem reduzir o número de funcionários municipais.
Então, vão tirar os guardas das escolas, como querem tirar os cobradores de
ônibus, colocar roletas eletrônicas.
Considero muito importante o
posicionamento do Tribunal de Contas. Considero muito importante o
posicionamento do relator - Ver. João Dib -, e fica um grande questionamento: o
que fazer? Aprovar essas Contas? Rejeitá-las? Descumprir a Lei Orgânica? O que
é melhor? O PT se contenta com o descumprimento da Lei Orgânica. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Reginaldo
Pujol está com a palavra para discutir.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, não é de hoje que apresento as minhas indagações
acerca da eficácia desse instituto do acordo de contas do Estado no que diz
respeito à apreciação das contas dos respectivos municípios. Em verdade, mudar
um parecer do Tribunal de Contas do Estado é uma tarefa quase que inatingível,
porque é raro, raríssimo, qualquer administrador que não disponha de pelo menos
um terço da Casa que o fiscaliza integrando os partidos que lhe dão sustentação
política. Então, para derrogar um parecer do Tribunal de Contas precisa dois
terços do conjunto desta Casa, e eu não vejo a menor possibilidade de isso
acontecer, porque nós, mesmo que todos os que aqui se encontram viessem a se
posicionar contrários à aprovação das Contas do Sr. Prefeito Municipal
relativos a esse exercício - e motivos foram levantados pelos Vereadores João
Dib e Jocelin Azambuja de forma muito contundente -, mesmo que todos viessem a
se convencer disso, não temos vinte e dois Vereadores na Casa, neste momento, e
certamente isso não ocorreria. Eu fico, portanto, com a indagação final do Ver.
Jocelin Azambuja: o que fazer diante desse quadro? Consagrar uma unanimidade na
aprovação de umas contas que sabidamente apresentam distorções muito graves?
Aprovar essas Contas? Seguir, na íntegra, o Parecer do Ver. João Dib, que, no
final, depois de fazer essas considerações todas, pede a aprovação? Pede a rejeição, Vereador?
O
Sr. João Dib: V. Exa.
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, em relação às Contas de
93, em que havia todos esses erros citados, como era o primeiro de governo do
Prefeito Tarso Fernando Genro, eu pedi que aceitassem o Parecer do Tribunal de
Contas, mas no segundo ano eu não podia pedir a mesma coisa. Para o segundo ano
eu peço a rejeição das Contas.
O
SR. REGINALDO PUJOL: V.
Exa. me diz que esses fatos são repetidos ano após ano e que até agora, por
beneplácito desta Casa, essas Contas vêm sendo sistematicamente aprovadas.
Eu tenho, Ver. Jocelin,
resposta para as minhas primeiras indagações. Ainda que considere uma tarefa
hercúlea de ser quase impossível de ser realizada, de se tentar modificar este
Parecer do Tribunal de Contas que aponta irregularidades, mas, mesmo assim,
pede a aprovação das Contas numa incongruência que eu não chego a compreender,
ainda que seja tarefa quase humanamente impossível de ser atingida, não pode
passar aqui pela Casa esse assunto em brancas nuvens. Então, eu quero dizer claramente
que eu estou, de certa forma, estupefato, porque só vejo aqui as afirmações das
oposições. O Ver. João Dib fez afirmações fortíssimas, no que foi secundado
pelo Ver. Jocelin Azambuja, e não vejo nenhuma palavra esclarecedora por parte
da Bancada do Governo - e me parece, até, que estão subscrevendo esses
conceitos, estão reconhecendo a existência de erros formais, estão reconhecendo
a existência de erros materiais, estão reconhecendo a existência desses erros
apontados pelo Ver. João Dib, que vão até a realização de licitações de
regularidade discutível.
A tarefa impossível de ser
realizada tem de ser tentada. Não vou convalidar todo esse quadro emprestando o
meu voto pela aprovação de umas contas que, por todos os motivos aqui já
levantados, suscitam dúvidas, incertezas e inseguranças muito profundas. Por
isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não sou de fazer afirmação peremptória
de que depois possa arrepender-me. A discussão encontra-se em pleno andamento
no momento. Tudo o que ouvi, percebi e senti me encaminham para uma posição.
Vou aguardar. A discussão ainda prossegue. Quero algum esclarecimento dizendo
que tudo o que foi dito não é verdade, que o Município gasta o que tem que
gastar em educação, e tudo mais que o Ver. João Dib disse, senão eu não vou
aprovar essas Contas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: A Vera.
Maria do Rosário está com a palavra para discutir o PDL no 09/98.
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos analisando as contas públicas do
período do Prefeito Tarso Genro de 1995. Estamos analisando essas Contas a
partir de uma disposição política diferente neste Plenário e da discussão
política, muitas vezes, da oposição a qualquer preço.
O Tribunal de Contas do
Estado do Rio Grande do Sul não estabeleceu nenhuma penalidade e aprovou as
Contas relativas a esse exercício, ressalvando algumas falhas formais. Falhas
formais não são irregularidades. Não se trata de remanejamento de recursos da
área da educação ou da saúde para qualquer área não considerada prioritária. O
Tribunal de Contas do Estado definiu por parecer favorável e apontou estas
restrições que aqui estão sendo utilizadas de forma absolutamente politizada no
sentido negativo, na minha avaliação.
Quero dizer, especialmente
ao Ver. Jocelin Azambuja - não é de meu tom; não utilizo a tribuna,
normalmente, citando qualquer vereador, mas para que não exista nenhuma dúvida
a quem me refiro -, que acredito que a população de Porto Alegre entende muito
mais das contas do exercício financeiro, do cotidiano de nossa Cidade
principalmente porque aqui nós debatemos com a população nas plenárias
temáticas e nas regiões através do Orçamento Participativo, que formam o
Orçamento, as prioridades, mas também acompanham a execução orçamentária. Eu
acredito, Vereador, que a população entenda muito mais de orçamento do que V.
Exa. e que tem uma inteligência também superior. Porque não há dúvidas, Srs.
Vereadores, que o Prefeito Tarso Genro, justamente por um exercício correto da
sua atividade, por compartilhar o exercício do seu governo, que é uma política
de governo com a população de nossa Cidade, foi um prefeito que fez no primeiro
turno o seu sucessor, dentro de uma política pública implementada nesta Cidade
de profundo respeito com a cidadania e de inversão de prioridades.
Portanto, Srs. Vereadores,
qualquer tentativa de desmerecimento das gestões da Administração Popular,
absolutizando-se uma falha formal indicada pelo Tribunal de Contas, é uma
tentativa de desviar dos próprios governos que alguns Vereadores representam e
que querem se esconder quando sobem a esta tribuna, como o próprio governo
de São Paulo, que tem aqui, na Câmara
Municipal de Porto Alegre, representantes do mesmo partido daqueles que estão
lá envolvidos em CPIs, envolvidos em corrupção, ou, então, do Governo do
Estado, que gasta 2,5% em saúde pública, como é o Governo do Estado do Rio
Grande do Sul. E aqui, em Porto Alegre, onde se gasta mais de 13%, onde se
inverteu essa prioridade, nós aqui trabalhamos com questionamento dessa ordem,
absolutamente despolitizado. E se tenta jogar areia nos olhos da população,
fazer confusão no meio da população, fazer confusão no meio da população.
Eu tenho confiança política,
Srs. Vereadores, de que nós podemos aprovar as Contas desse período, aprová-las
com a responsabilidade que nós temos pelo relacionamento do Poder Executivo e
do Poder Legislativo e principalmente porque nós temos confiança de que toda a
execução orçamentária foi acompanhada, inclusive, por este Poder Legislativo. E
também porque, Srs. Vereadores, está absolutamente claro que o Tribunal de
Contas do Estado descartou qualquer inclusão de apontamento no relatório de
qualquer inspeção sobre as Contas. O Ministério Público também descartou e em
nenhuma peça de estudo estabeleceu qualquer dúvida sobre o processo de
Prestação de Contas. E aí, Srs. Vereadores, quando o Ministério Público já se
pronunciou, quando o Tribunal de Contas já se pronunciou, quando a maioria
desse Plenário já se pronunciou, mas principalmente quando a população de Porto
Alegre já se pronunciou nas eleições Porto Alegre, já se pronunciou nas
eleições subseqüentes e aprovou a gestão do Prefeito Tarso Genro, nós estamos
aqui desmerecendo, tentando desmerecer, o que não será possível porque, como registrei,
a população de Porto Alegre é absolutamente mais inteligente do que os
argumentos raivosos do Ver. Jocelin Azambuja. Muito obrigada.
(Não revisto
pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Luiz Braz está com a palavra para discutir a matéria.
O
SR. LUIZ BRAZ: Ver.
Juarez Pinheiro, no exercício da Presidência, Srs. Vereadores, Sras.
Vereadoras, eu acredito que, mesmo que todo este Plenário quisesse pensar de
uma forma radical na apreciação das Contas do ex-Prefeito Tarso Genro, assim
mesmo, com esse tipo de pensamento radical, não conseguiria hoje um quórum
necessário para dizer que aquele Parecer prévio do Tribunal de Contas não está
correto, porque precisaríamos de dois terços neste Plenário para derrubarmos o
Parecer do Tribunal de Contas. Mas eu não quero pensar em derrubar o Parecer do
Tribunal de Contas. Quero pensar na responsabilidade que têm todos os
administradores públicos. Eu quero pensar nas duas vezes, completando com esta
em que assumo a Presidência desta Casa. Eu quero ater-me exatamente nas
considerações do Tribunal de Contas, não apenas nas Contas desta Casa nas duas
vezes em que fui presidente, mas em todas as vezes em que o Tribunal de Contas
exarou o seu parecer com relação às Contas da Câmara Municipal.
Todas as vezes que o Tribunal
de Contas fez comentários sobre as Contas das outras administrações, nós vimos
que os técnicos do Tribunal de Contas sempre se prendem a detalhes - são
obrigados a ficar presos a esses detalhes. Hoje eu ouvia de um homem público,
que, acredito, todos nós respeitamos - Dr. Sereno Chaise, que esteve hoje
almoçando conosco -, que se, porventura, nós fôssemos tratar com rigor os
pareceres do Tribunal de Contas, nenhuma administração conseguiria ter as suas
contas aprovadas. Eu concordei com ele. O Ver. João Dib estava à Mesa conosco
quando o Dr. Sereno Chaise fez essa afirmação.
Ora, é claro que nós temos
que analisar, friamente, os pareceres do Tribunal de Contas. Nós temos
obrigação disso. O Ver. João Dib está dentro do direito do Vereador de fazer
com que a análise seja criteriosa, seja fria, seja firme, ele que foi relator
da Comissão de Finanças. O Ver. João Dib andou muito bem quando fez com que
todos nós voltássemos as nossas vistas para os problemas naquelas Contas que
foram analisadas quando o Dr. Tarso Genro era prefeito. Mas não podemos
condenar uma figura como a do Dr. Tarso Genro. Sempre que venho a esta tribuna,
repito: tenho muito respeito por ele, por tudo aquilo que ele representa como
homem público no Brasil, independente de ele não ser do meu partido e
independente de, ideologicamente, nós não sermos pessoas afinadas. Mas eu tenho
que respeitá-lo pela dignidade com que ele sempre se portou quando no cargo de
Prefeito Municipal e em todas as vezes que ele esteve exercendo mandatos
públicos. Ora, como nós, aqui na Câmara Municipal, por causa de um problema que
está sendo analisado pelo Tribunal de Contas, podemos condenar o Dr. Tarso
Genro dessa forma, dizendo que nós vamos reprovar as suas Contas porque ele não
atendeu um dos requisitos da Lei Orgânica do Município? Concordo com V. Exa.,
Ver. João Dib, de que temos que obedecer a Lei Orgânica do Município, mas
pergunto: qual o cidadão, o Vereador, quem de nós obedece a todos os
mandamentos da Lei Orgânica do Município, uma lei que é complexa, muito longa
para ser observada pelo cidadão mais simples, até por nós, que somos zelosos
por ela?
O Ver. João Dib diz que ele
obedece à Lei Orgânica. Acredito nisso, mas são raros aqueles que conseguem
obedecer todos os mandamentos de uma lei orgânica, assim como são raríssimas as
pessoas que conseguem obedecer à Constituição, que tem centenas de artigos.
Ora, se tivéssemos apenas dez mandamentos, seria mais simples verificar o
cumprimento dessas regras. Só que não temos dez: temos quase trezentos mandamentos.
E como vamos, muito embora querendo cumprir a lei, nos cingir a esses trezentos
mandamentos? Procuramos fazer isso, mas muitos deles são contraditórios, até.
Dentro da Lei Orgânica, temos muitos mandamentos que são contraditórios e que
precisam ser melhor analisados.
Ver. João Dib, tenho certeza
de que V. Exa., que é um dos que nesta Casa mais conhecem a legislação, seria
de opinião que precisaríamos, imediatamente, rever alguns artigos da Lei
Orgânica, que não é uma lei perfeita, acabada. Há muita coisa para ser revista.
Acho que esta Casa vai andar bem agora que chamou a atenção para o problema,
pois ele existe, mas vai andar melhor se não condenar um homem da estatura do
Dr. Tarso Genro, porque acredito que estaríamos prestando um desserviço para a sociedade.
Homens como Tarso Genro merecem que estejamos analisando suas Contas, porque
isso é da Lei Orgânica, é da Constituição, mas merecem que, quando as estejamos
analisando, possamos ser conscienciosos do que um homem desses vale para a
sociedade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O
Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir o PDL nº 09/98.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, um parlamento, uma casa legislativa de
responsabilidade, como é a nossa, frente ao que representa Porto Alegre no
cenário político do Rio Grande do Sul e do Brasil, tem que ter momentos como
esse que acabamos de escutar agora. Nós estamos no âmago de uma grande disputa
eleitoral, com dois projetos absolutamente distintos, e o Ver. Luiz Braz,
honrando o cargo que ocupa na Presidência desta Casa, tem a sensatez, tem a
qualidade de saber separar os debates de ordem ideológica, de disputa política
com a responsabilidade de um Vereador de Porto Alegre, com a responsabilidade
de alguém que tem que presidir esta Câmara de Vereadores. Tenho tido com o Ver.
Luiz Braz, ao longo desse período compondo a Mesa Diretora dos trabalhos desta
Casa, momentos em que conseguimos conciliar nossas posições e momentos de
grande divergência, mas estamos sabendo fazer isso como exige o cargo que por
hora ocupamos na Mesa Diretora dos trabalhos.
Peço vênia para fazer esse
elogio público a V. Exa. pela postura que teve agora, porque eu nem ia falar
nesta Sessão, pois estava cumprindo minhas tarefas de 1º Secretário quando tive
o desprazer, senti angústia, e tive vontade de chorar ao ouvir as palavras
demagógicas do Ver. Jocelin Azambuja. Eu acho que sei por que ele não está
compondo mais, como titular, a Bancada do PTB. O povo sabe! O povo de Porto
Alegre não tem poucos neurônios, tem muitos. Outros é que não têm nem neurônios
nem axônios.
Esta Prestação de Contas
está absolutamente exemplar. Eu a conheço. Fui Assessor Jurídico do Prefeito
Tarso Genro nesse período. Conheço essas contas, e o Ver. Jocelin Azambuja
sequer passou os olhos. O Ver. Jocelin Azambuja não sabe nada, porque não sabe
que um prefeito tem competência, sim, para expedir decretos. Ele não sabe - por
isso talvez não tenha sido reconduzido a esta Casa como titular - que um
prefeito pode expedir decretos. E vem aqui fazer uma aleivosia, vem aqui pegar
de viés aquilo que não existe. O Tribunal de Contas aprovou as Contas do
Prefeito Tarso Genro de forma unânime. Não há, nas Contas, nenhuma punição, não
há multa. Há pouquíssimos erros formais. O Ver. Jocelin Azambuja assumiu - ele
é Suplente - e, para brilhar, veio aqui dizer palavras desconexas, tentando
colocar um absurdo que a população já demonstrou nas urnas não acreditar mais,
tanto na escolha do Prefeito desta Cidade, como na escolha dos Vereadores,
inclusive do partido a que ele pertence. Porque o povo tem neurônios, o povo
tem axônios, e esse discurso demagógico não pega mais em Porto Alegre.
Tivemos aqui um paradoxo
dentro de uma mesma bancada. O Presidente desta Casa enfrentou a questão com
isenção. Teve a sensibilidade de respeitar uma das maiores figuras públicas não
só do Rio Grande do Sul como do Brasil: o ex-Prefeito Tarso Genro, o advogado
Tarso Genro, hoje uma das pessoas mais respeitadas no cenário político desta
Cidade, deste Estado, deste País e até fora dele. E não é possível que esse
Vereador venha aqui, sob o pretexto de brilhar em um canal de televisão para
que alguns apoiadores achem engraçado, achem bonito, colocar palavras, colocar
absurdos, colocar mentiras, quando não conhece nada e demonstra uma ignorância
jurídica que não é compatível com alguém que é bacharel em Direito. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Pedro Ruas está com a palavra para discutir.
O
SR. PEDRO RUAS: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, quero fazer um registro sobre o papel importante
da dedicação, do trabalho, que todos conhecem, mas que não é demais registrar,
que faz, ao longo dos anos, e continua sendo um exemplo para nós, o Ver. João
Dib. Eu tenho, na figura de S. Exa., realmente, um parâmetro de como deve agir
e se comportar um vereador de qualquer cidade deste País. O Ver. João Dib tem
cumprido, ao longo de mandatos, onde sempre é reeleito com votações maiores que
as anteriores, um papel de extrema importância em vários aspectos da nossa
Cidade, em especial no que tange à fiscalização. O Ver. João Dib coloca para
todos nós a importância da observação de cada detalhe e cumpre um papel da
maior relevância na fiscalização das contas, dos atos, das ações do Executivo
Municipal, sem qualquer outro tipo de interesse político ou eleitoral que não
seja o bom, correto e fiel exercício do seu mandato. E tenho sido, como todos o
são nesta Casa, testemunha desse tipo de atuação.
Faço esse registro de maneira
absolutamente franca e sincera para poder, numa outra ponta, divergir de S.
Exa. com relação a uma interpretação, porque, na verdade, não se está aqui
analisando o mérito da ação desenvolvida pelo Ver. João Dib, que é
absolutamente correto. É a obrigação do Vereador e ele a cumpre de forma
correta. O que coloco, com a licença de S. Exa., é que, quando o Tribunal de
Contas analisa as mesmas contas mencionadas e tem a conclusão, efetivamente,
dentro da Teoria Geral do Estado, o órgão fiscalizador por excelência desse
tipo de contas, de que o detalhe formal não respeitado não compromete as contas
apresentadas, eu me posiciono a favor da posição estabelecida pelo Tribunal de
Contas. O detalhe formal, neste caso - e não é que não exista o detalhe formal,
porque o Ver. João Dib, cumprindo a sua obrigação, coloca bem: há o detalhe
formal, sim -, não descaracteriza o
mérito de uma ação administrativa de quatro anos aprovada pelo Tribunal de
Contas com essa ressalva formal, aprovada pela população de Porto Alegre,
aprovada pelo Ministério Público, e deve ser, na opinião deste Vereador,
aprovada por esta Casa também.
O conjunto das ações de
qualquer administrador, de qualquer tempo, de qualquer partido, de qualquer
posição política vinculada a qualquer ideologia, terá sempre algum detalhe
formal que não esteja 100% de acordo com aquilo que seria o ideal, até porque o
ideal é inatingível. Fiz o registro inicial de que esse é o papel, Ver. João
Dib, que V. Exa. desempenha e que é modelo para todos nós. Na mesma linha de
sermos Vereadores, representantes do povo, temos o direito e o entendimento de
que o conjunto das ações deve ser priorizado. O Parecer do Tribunal de Contas
deve ser priorizado porque ele traz, no estudo de técnicos e no julgamento dos
magistrados, o balizamento para a nossa ação na Câmara num caso como esse.
Tenho a convicção de que há papéis a cumprir, e V. Exa. os cumpre bem, até
porque, não houvesse fiscalização como essa, não teríamos, continuamente, a
possibilidade de aprimorar as administrações e o nosso trabalho em seu
conjunto.
Há um detalhe formal
detectado pelo Tribunal de Contas e por V. Exa., Ver. João Dib, mas tenho
certeza que, como o Tribunal de Contas considerou um detalhe formal que não
comprometia o restante da Administração, o conjunto das ações da Administração,
esta Casa deve ter como norte a posição do Tribunal de Contas, a posição do
Ministério Público e a posição da população de Porto Alegre, respeitando sempre
a posição de fiscalização, que deve, também, ser o nosso guia nas ações como
vereadores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: A Vera.
Sônia Santos está com a palavra para discutir o PDL nº 09/98.
A
SRA. SÔNIA SANTOS: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, ouvi parcialmente o pronunciamento feito pelo
Ver. Juarez Pinheiro e também o pronunciamento feito pelo Ver. Jocelin
Azambuja. O que me traz a esta tribuna são as colocações feitas pelo Ver.
Juarez Pinheiro sobre o também Vereador, sempre Vereador, e hoje aqui como
suplente, assumindo no lugar do Ver. Eliseu Sabino, que expressou as suas
idéias, o seu posicionamento, e ele tem todo o direito de assim proceder.
Para contrapor o que foi
dito pelo Ver. Jocelin Azambuja, talvez em um momento de emoção, o Ver. Juarez
Pinheiro fez algumas colocações sobre neurônios, axônios ou falta de capacidade
mental. Entendo que este não seja o melhor lugar para fazermos esse tipo de
colocação pelo fato de o Ver. Jocelin Azambuja ser suplente do PTB, o que muito
nos honra, porque a soma de votos de todos os Vereadores fez com que o nosso
partido conquistasse cinco cadeiras nesta Casa. Nós jamais podemos esquecer os
mais de três mil votos trazidos pelo Ver. Jocelin Azambuja. Nesta Casa temos a
honrosa companhia do suplente Lauro Hagemann, que está assumindo essa cadeira
já por mais de um ano enquanto o Ver. João Verle desempenha função em outra
pasta. Tivemos, durante todo o ano passado, a honrosa presença do suplente de
Vereador Cyro Martini, que ocupava lugar enquanto o hoje Ver. Henrique Fontana
desempenhava sua função na Secretaria da Saúde. Não podemos jamais desprezar a
competente colaboração do Ver. Gilberto Batista, que é suplente do PFL e
constantemente assume uma cadeira aqui nesta Casa.
Se temos divergências e
posições contrárias, jamais podemos atacar o homem público ou o ser humano que
cada um de nós somos. Temos bagagem, temos passado e muitas coisas que nos
capacitam, fazendo com que conquistássemos cada um de nossos votos. Isso deve
ser respeitado. Você que está assistindo à televisão, no momento de acirramento
de ânimos, quando as pessoas dizem coisas no auge de sua emoção, por favor, não
desconsidere as idéias, a postura, a conduta ou a história de qualquer
vereador, seja ele do partido que for. Eu, como Líder do PTB, não poderia me
eximir de fazer este pronunciamento. Por isso, Ver. Juarez Pinheiro, eu o
respeito sobremaneira. Entendo seu pronunciamento, mas tenho de discordar
veementemente do que V. Exa. disse sobre o fato de o Ver. Jocelin Azambuja ser
suplente. Honro-me de todos os suplentes que assumem cadeira nesta Casa, porque
todos são meus companheiros tanto quanto aqueles que detêm a sua cadeira
permanentemente. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Jocelin Azambuja está com a palavra no tempo que lhe cede o Ver. Cláudio
Sebenelo.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, agradeço a manifestação da Líder da minha
Bancada, Vera. Sônia Santos, que, com muita propriedade, colocou aquele
respeito que deve existir nesta Casa com todos os companheiros. Eu também já
tive a honra de ser Líder da grande Bancada do PTB, a segunda bancada desta
Casa, e hoje tenho a honra de ser liderado pela Vera. Sônia Santos. Sempre me
orgulho muito de vir a esta tribuna, porque cheguei aqui através, logicamente,
da representação popular, como chegaram aqui outros companheiros que me honram
muito, como o Ver. Lauro Hagemann, que é uma bandeira da nossa política
estadual, especialmente da nossa Cidade, o Ver. Cyro Martini e tantos outros
companheiros que aqui têm assomado à tribuna. Mais recentemente, conhecemos o
Ver. Gilberto Batista, a Vera. Maristela.
Eu lamentei profundamente a
manifestação do Ver. Juarez Pinheiro, uma pessoa pela qual tenho apreço, pois
há muitos anos eu o conheço. Outra vez se manifestou o Ver. Renato Guimarães
também de maneira não muito feliz. Acho que os debates têm que se dar no campo
das idéias. O que eu fiz aqui, Srs. Vereadores, foi a lembrança de aspectos
importantes levantados pelo Tribunal de Contas na avaliação com base no Parecer
da Comissão de Finanças e Orçamento, do Ver. João Dib, que recomendou a
rejeição das Contas do então Prefeito Tarso Genro.
Eu concordo plenamente com a
manifestação do Ver. Luiz Braz acerca da pessoa de Tarso Genro, meu particular
amigo, meu colega de profissão, como também tenho respeito pelo Ver. Juarez
Pinheiro, meu colega de profissão, e jamais diria uma mínima palavra quanto à
sua capacidade como profissional do Direito, como tenho certeza de que ele
jamais deve ter pensado no que disse quando se referiu à minha pessoa nesta
tribuna, o que me entristeceu profundamente.
Eu tenho o respeito dos meus
colegas na área do Direito. Sou profissional há mais de quinze anos. Tenho
certeza de que granjeio o respeito de muitos companheiros desta Casa pela minha
postura e não abro mão dos meus princípios. Tenho que dizer a verdade. O Ver.
João Dib propôs a rejeição das Contas. Essa foi a posição do relator da
matéria. Mostrei à população de Porto Alegre que o Governo Municipal de Porto
Alegre legisla por decretos, suplementa verbas por decretos. Não o faz em
respeito à Lei Orgânica do Município. Não cumpre a legislação, e ninguém pode
dizer que estou errado, porque quem diz isso é o Tribunal de Contas. Está
escrito no Parecer. O Ver. Juarez Pinheiro não deve ter lido o Parecer para vir
à tribuna e dizer que não pode legislar por decretos. Ora, leia o Parecer do
Tribunal. São os representantes do povo no Tribunal de Contas que recomendam
que o Governo Municipal não continue a agir assim, porque poderão rejeitar as
Contas do Município, e é o próprio Tribunal de Contas quem diz: “cuidado: não
estão aplicando o que devem de acordo com a Lei Orgânica do Município.” Então,
Srs. Vereadores, nenhum de nós pode contestar o que diz o Tribunal de Contas.
No final, perguntei, Ver.
Juarez Pinheiro, o que devemos fazer: aprovar, rejeitar? Sou obrigado a ler o
Parecer do Tribunal de Contas e dizer a verdade.
O
Sr. Juarez Pinheiro: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quando falei em ignorância jurídica foi no sentido de que V. Exa.
tentava induzir o Plenário e a quem nos assiste que um prefeito não pode
suplementar por decretos. V. Exa. omite dados, faz uma tautologia e não diz que
naquela margem de possibilidade de suplementação que oferecemos na LDO o
Prefeito pode fazer suplementação. V. Exa. não disse que nesta Casa, em 1993,
no auge da disputa eleitoral, foi levantado que os decretos eram ilegais e
depois o Tribunal de Contas disse que os decretos eram legais. Por isso disse
que V. Exa. estava fazendo uma ignorância jurídica. V. Exa. é um profissional
do Direito, renomado, e sabe do apreço que lhe tenho, mas a forma como V. Exa.
aqui se pronunciou, a tautologia que fez, as palavras que usou tentando
denegrir uma pessoa honrada como Tarso Genro obrigaram-me a usar palavras com a
mesma contundência que V. Exa. usou para uma das pessoas que é a glória da
política brasileira. Mas a ignorância jurídica foi nesse sentido. Um prefeito
pode, sim, suplementar por decreto desde que naquela margem permitida pela LDO,
e V. Exa. sabe disso. Peço desculpas se magoei V. Exa. pessoalmente. Não era
esse o objetivo.
O
SR. JOCELIN AZAMBUJA: Não
esqueça, sempre, de respeitar os vereadores suplentes, que são titulares quando
estão nesta tribuna. Isto é muito importante. Ninguém sobe nesta tribuna se não
for vereador, ninguém se pronuncia nesta Casa se não for vereador. Isto é muito
importante que se diga. Por outro lado, jamais, no meu discurso, que está à
disposição de V. Exa. e de todos os Vereadores, fiz qualquer comentário à
pessoa do Prefeito Tarso Genro. Jamais! Só fiz um questionamento: o que fazer
em função do Parecer da Comissão de Finanças e Orçamento? Aprovamos ou não
aprovamos? Denegrir a imagem do Prefeito Tarso Genro não é o termo correto,
entendo eu, mas ninguém fez nada disso. O que se fez aqui foi mostrar a
verdade. Não se está aplicando o que se deve aplicar em educação, não se está
legislando da maneira que se tem que legislar. Esta é a questão fundamental.
Nesse sentido foi que fiz a manifestação e vou continuar fazendo sempre, dizendo
que se está utilizando o dinheiro da FESC na área da educação, que se estão
desviando recursos que não são ligados à educação. V. Exas. sabem disso. Não
vou mudar o meu discurso. Defendo a educação antes mesmo de tomar posse nesta
Casa e, durante o período que estou nesta Casa, defenderei a educação até
morrer porque penso que um discurso tem que ser coerente a vida inteira.
Ninguém pode mudar o discurso no meio do caminho. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. GUILHERME BARBOSA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, parece-me que não votaremos um relatório da
CEFOR. A CEFOR não chegou a aprovar o relatório?
O
SR. PRESIDENTE: Vereador,
o que vamos votar, e estamos discutindo, é um projeto de decreto legislativo de
acordo com o que preceitua a nossa Lei Orgânica quando coloca que as Contas do
Sr. Prefeito Municipal serão aprovadas através de um projeto de decreto
legislativo. Os pareceres das Comissões, todos eles, são orientadores das
posições do Plenário. A não ser quando um projeto recebe pareceres contrários
em todas as Comissões, como V. Exa. sabe, o nosso Regimento diz que um projeto
desses não vem para o Plenário. Mas, neste caso, como se trata de um projeto
que passa apenas pela CEFOR para receber o parecer, o parecer é orientador do Plenário.
Apenas fazemos um
requerimento para prorrogar a Sessão por mais duas horas a fim de esgotarmos a
Ordem do Dia.
Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O
SR. PEDRO RUAS (Questão de Ordem):
Para esclarecimento deste Vereador, Sr. Presidente, já que neste Projeto
específico eu e o Ver. Adeli Sell votamos contra, respeitosamente, ao Parecer
do Ver. João Dib, que obteve o apoio do Ver. João Carlos Nedel. Então, foram
dois votos favoráveis e dois votos contrários. Entendo, e V. Exa. me corrija se
eu estiver errado, que na verdade não há parecer da CEFOR em função desse
empate.
O
SR. PRESIDENTE: Ver.
Pedro Ruas, creio que, dada a situação que foi criada, poderíamos solicitar um
parecer da Procuradora da Casa para nos orientar. Acredito que a Comissão
deveria guiar-se pelo que acontece no Plenário. Nas Comissões, quando estão
votando uma matéria desse tipo, o Presidente deve-se reservar para o Voto de
Minerva para que não aconteçam empates nas votações dos pareceres.
O
SR. PEDRO RUAS: É que só
havia quatro Vereadores presentes na Comissão naquele dia.
O
SR. PRESIDENTE: Mas existe um presidente e ele,
reservando-se para o Voto de Minerva, poderá agir de forma que não persistam
essas questões na Comissão. Mas como naquele dia a Comissão resolveu seguir
essa linha para deliberar, nada melhor, agora, que um parecer da Procuradora
para guiar futuras votações dentro das Comissões para que não surjam outros
empates, atrapalhando uma orientação melhor do Plenário com relação aos
pareceres.
O
SR. PEDRO RUAS:
Aguardaremos e agradeço a V. Exa.
O
SR. PRESIDENTE: Acredito
que seja o caminho mais lógico a fim de que possamos ter orientação segura para
as próximas votações nas Comissões.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, não
discordando totalmente da decisão de V. Exa., parece-me que, independente da
interpretação de como devam as Comissões se portar nesses casos, V. Exa. já
externou como entende a interpretação do Regimento. Neste caso específico,
objeto da presente apreciação, não há parecer, independente do que se possa
entender. Parece-me que é um consenso do Plenário de quem tem posição favorável
e contra. Penso que é importante isso que V. Exa. coloca para que venhamos a
nos nortear em casos futuros, mas, neste caso, especificamente, não poderíamos
ter outra posição. Há um consenso entre os Vereadores de que não há parecer,
mas, como ocorre no art. 81 da Lei Orgânica, apreciamos matéria sem que haja
parecer, e isso não é impeditivo.
O
SR. PRESIDENTE: Não
passa pela minha cabeça intervir no que resolveu a Comissão de Finanças e
Orçamento da Casa. A Comissão resolveu desta maneira, e o Plenário está
orientado pela Comissão. Nada obsta que não possamos ouvir a nossa Procuradora
para que tenhamos uma clareza maior em outras decisões dentro das Comissões.
O
SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, o art. 54 do Regimento diz:
“Votado o parecer, o Presidente da Comissão encaminhará a proposição ao 1º
Secretário ou, havendo parecer contrário, a outra Comissão que deva apreciá-la.
Parágrafo 1º. Em caso de empate na votação, o processo tramitará sem parecer da
Comissão.” Não houve parecer.
O
SR. PRESIDENTE: Está
correto, Vereador. O art. 54 esclarece bem essa matéria.
O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para discutir o PDL nº
09/98.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, acho interessante que nos debates feitos em
Plenário fique bem claro que, fora duas, três exceções, são de caráter de
entendimento da Prestação de Contas, são de caráter de extensão do que está se
tratando, porque não se está tratando de parecer contrário. O Parecer do
Tribunal de Contas é favorável à Prestação de Contas. Há um entendimento, e aí
sim, que é exceção neste Plenário, se segue ou não a Lei Orgânica do Município.
A grande maioria deste Plenário se apresenta favorável a essa Prestação de
Contas. É interessante que se diga isso. Nós debatemos em torno de duas horas a
Prestação de Contas hoje, quando correu Pauta e também tivemos um debate nas
três sessões em que o processo esteve em Pauta.
Fizemos o debate, mas a
grande maioria deste Plenário, em nenhum momento, questionou a posição do
Tribunal de Contas, que aprova, em sua maioria, a Prestação de Contas da
Prefeitura de Porto Alegre. É interessante que se registre isso, porque não
estamos falando só da Prestação de Contas de 95, mas de todas as prestações de
contas que esta Casa até hoje apreciou e aprovou. Este é um momento atípico.
Não poderia ser diferente. Eu não crucificaria o Ver. João Dib de não
aproveitar essa oportunidade deste momento que vivemos, que é o momento
eleitoral para tensionar o debate em relação ao que se gasta e ao que não se
gasta. Com certeza absoluta, Porto Alegre gasta muito com saúde, Ver. João Dib.
Não gostaria de apresentar os números. Gostaria de apresentar as ações. Porto
Alegre recebeu uma rede, em 1996, de sessenta postos de saúde no Estado
totalmente sucatados. Convido o Ver. João Dib, amanhã, se quiser, para
visitarmos esses postos e ver como eles estão funcionando hoje. Porto Alegre
conveniou com o Ministério da Saúde para abrir o Programa de Saúde da Família.
Foram repassadas verbas do Ministério para abertura de seis programas de saúde
da família. Hoje são vinte e nove programas funcionando com orçamento do
Município. Na área da educação, são cento e quarenta entidades conveniadas com
o MOVA - Movimento de Alfabetização de Adultos; são cento e dez creches
comunitárias conveniadas que atendem sete mil crianças. Quem faz isso no
Município de Porto Alegre? A Prefeitura de Porto Alegre. Portanto, o debate que
nós temos que fazer é quanto foi o exercício, em 1997, da saúde no Estado. Ou,
Ver. João Dib, V. Exa. não se pergunta por que todo cidadão do Estado do Rio
Grande do Sul recorre a Porto Alegre para procurar saúde? Sucataram tudo no
Interior. Não há hospital ou posto de saúde funcionando no Interior. O
orçamento em saúde do Estado, da Secretaria de Saúde do Estado, foi de 2,42%, e
a lei, na Assembléia, manda ser de 10%. Essa foi a execução orçamentária no
Governo Britto. Gastou 2,48% com saúde neste Estado. Fechou hospital, fechou
posto de saúde e fez com que o cidadão de Alegrete, de Quaraí, para fazer um
exame, viesse a Porto Alegre. Isso ninguém pergunta no momento de debater a
Prestação de Contas do Município de Porto Alegre.
É interessante abordarmos
outro aspecto desse debate da Prestação de Contas aqui. A Comissão de Orçamento
e Finanças da Casa, quando correu Pauta esse processo, trouxe o debate - para
finalizar, Sr. Presidente - para dentro deste Plenário, esclarecendo que não
havia contrariedades do Tribunal de Contas. Havia, sim, e é preciso que se
diga, orientações de aspectos formais sobre como estava sendo apresentada a
Prestação de Contas. É esse o registro. A única coisa que o Tribunal de Contas
destacou na nossa Prestação de Contas foi fazer uma orientação nos aspectos
formais de como essa Prestação de Contas estava sendo apresentada, Ver. João
Dib. Portanto, não vamos transformar esse debate num debate ideológico e
eleitoral. Vamos aprovar as Contas do Município.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Ver.
Gilberto Batista, V. Exa. pediu Questão de Ordem, só que tínhamos estabelecido
que não concederíamos mais questões de ordem para interromper pronunciamentos e
eu estou me guiando exatamente dentro daquilo que acordamos aqui, todos nós,
neste Plenário. Logo que o Vereador saia da tribuna, faço questão que a Questão
de Ordem seja feita.
O
SR. GILBERTO BATISTA: Sr.
Presidente, me desculpe. Realmente foi acordado nas Lideranças que isso não
iria acontecer nos pronunciamentos dos Vereadores. Era só para questionar o
Ver. Renato que estamos tratando das Contas da Prefeitura Municipal de Porto
Alegre, do nobre Prefeito Dr. Tarso Genro, e não do Governador Antônio Britto.
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
José Valdir está com a palavra para discutir.
O
SR. JOSÉ VALDIR: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, a Vera. Sônia Santos teria toda a razão no
comentário que fez se o mesmo Ver. Jocelin Azambuja não tivesse tido uma
postura extremamente jocosa e até debochada com os Vereadores suplentes, como
foi o meu caso. Eu fui suplente nesta Casa na legislatura passada e várias
vezes o Ver. Jocelin Azambuja, inclusive em programas de rádio, fez
comentários, inclusive fortemente jocosos, debochados, irônicos, à minha
condição de suplente.
Vereador, nada como um dia
depois do outro. Aqui se faz, aqui se paga. E inclusive uma postura
extremamente autoritária naquela CPI da “farinhada”.
Eu quero falar sobre o
mérito desse Projeto. Eu só fiz esse comentário porque a Vera. Sônia Santos foi
falar sobre a questão de suplentes. Eu vou falar aos telespectadores que estão
nos ouvindo. Quem estiver nos ouvindo e que acompanha os debates desta Casa
pode pensar que a oposição, durante o ano inteiro, inclusive alguns Vereadores
da oposição, levanta sistematicamente um rosário de críticas, de
irregularidades. Era de se esperar que o Tribunal de Contas rejeitasse as
Contas do Prefeito Tarso Genro. Quem assistiu aos debates aqui na Câmara ia
pensar: “Bem: é um rosário de irregularidades; provavelmente o Prefeito Tarso
Genro está na mesma situação, de repente, do Paulo Maluf ou do Prefeito de São
Paulo Celso Pitta”, tamanho o denuncismo nesta Casa. O que o Tribunal de Contas
fez: aprovou por unanimidade as Contas do Prefeito Tarso Genro e apontou falhas
de dois tipos, de natureza formal e de controle interno. Além de a falha ser
uma coisa pequena, reduziu ainda mais, quando diz que são falhas
não-prejudiciais ao erário, quando diz que as falhas de controle interno
decorrem das deficiências materiais e humanas. E conclui dizendo que todas
essas falhas não ensejam as rejeições das Contas e por isso foram aprovadas por
unanimidade pelo Tribunal de Contas. Eu duvido que alguma Prefeitura ou mesmo
as Contas da Casa não sejam aprovadas com alguma observação. Porque o Tribunal
é um tribunal competente, como disse o Ver. Luiz Braz. Eles pegam duzentos e
poucos itens, ou mandamentos, como chamou o Ver. Luiz Braz, e analisam e fazem
observações críticas. Duvido uma Prefeitura, duvido, inclusive, que as Contas
da Casa não sejam aprovadas com algum comentário ou referência de que tal ou
qual coisa tem que ser melhor ajeitada. Não escapa ninguém, como diz o Ver.
Guilherme Barbosa, mas aqui, nos debates, e desinformando a opinião pública que
está nos assistindo, se inverte o raciocínio, se dá mais valor àquilo que é um
detalhe apontado pelo Tribunal, ou seja, “se vê a árvore e não se vê a
floresta”. Agora, aquilo que é a ênfase, que é a grande decisão do Tribunal,
que foi de aprovar as Contas do Prefeito Tarso Genro por unanimidade, com duas
pequenas observações que o próprio Tribunal diz que são falhas que não
comprometem o erário, não ensejam a rejeição das Contas... E inclusive
justifica a própria falha dizendo que é em decorrência da deficiência humana e
material. Isso não está sendo dito.
Vejam como se pode deturpar
o debate político. Por quê? Porque a oposição esperava que o Tribunal viesse
com um rosário, que aquelas críticas que colocavam aqui, aquelas denúncias de
irregularidades, que o Tribunal fosse entrar neste jogo, mas não entrou. Não
entrou neste jogo, e a oposição ficou a pé. Fez todo um ano de debates, com
acusações e mais acusações, e agora a “montanha pariu um rato”, um ratinho
morto, ainda. Então, estão sem argumentos para o debate político e estão
invertendo, “querendo ver a árvore e não ver a floresta” alguns Vereadores de
oposição. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Para discutir, tem a palavra o Ver. João
Carlos Nedel.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na
Câmara Municipal, lamentavelmente, não temos nenhuma estrutura para fiscalizar
as Contas da Prefeitura Municipal. Não temos auditoria que nos assessore.
Então, fica muito difícil auditar as Contas do Sr. Prefeito. Por isso, nos
baseamos no Parecer do Tribunal de Contas. E eu lembro aos Srs. Vereadores que
o Tribunal de Contas não aprova as Contas; ele dá parecer favorável à aprovação
ou parecer desfavorável à aprovação. Quem aprova as Contas é a Câmara Municipal
de Porto Alegre - fique isso muito claro.
Eu gostaria de me reportar a
alguns trechos do Parecer do Tribunal de Contas, que diz: “Não obstante o fato
de o balanço geral da Administração Municipal e demais documentos que integram
o processo conterem falhas de natureza formal não-prejudiciais ao erário, e
outras, de controle interno, decorrentes de deficiência materiais ou humanas da
entidade, na sua globalidade não ensejam a rejeição das Contas, mas
sujeitam...” - engraçado, ninguém leu isso - “... o administrador à
advertência...” - o Sr. Tarso Genro está sendo advertido pelo Tribunal de
Contas - “... no sentido de sua correção, sendo perfeitamente enquadráveis no
art. 5º da Resolução do Tribunal de Contas. É unanimidade, consoante relatório
e voto do Sr. Conselheiro Relator, de parecer que as Contas do Sr. Prefeito
Tarso Genro sejam aprovadas pela Câmara Municipal de Vereadores.”
Ficou muito claro: o parecer
é para que a Câmara aprove as Contas, “advertindo o responsável de que a
prática futura de atos semelhantes aos destacados na instrução da Supervisão de
Instrução de Contas Municipais poderá implicar a emissão de parecer
desfavorável às Contas, com fundamento no art. 5º. ”
Senhores, eu me reporto ao
trecho que diz “não-prejudiciais ao erário”. Efetivamente, o Sr. Prefeito não
subtraiu dinheiro do Município; não prejudicou o erário municipal. Está muito
claro! Mas prejudicou e subtraiu verbas da educação. Cometeu uma agressão ao
futuro desta Capital, aos jovens, deixando de investir 5,31%, que correspondem,
hoje, a mais de 4 milhões de reais na educação. E estão presentes aqui líderes
da comunidade Barro Vermelho, que sabem da importância da implantação do 2º
grau no Colégio Lidovino Fanton, pessoas lá da Restinga, que vêm ao Centro de
Porto Alegre para cursar o 2º grau. Isso é uma agressão à juventude. Falta
dinheiro para creches, para ampliação e criação de outras escolas para todo o
Município de Porto Alegre. Não prejudicou o erário, mas prejudicou a população,
que fique bem claro.
Como auditor que sou, faço
sérias observações ao Parecer do Tribunal de Contas. Ele não opinou,
justamente, sobre o descumprimento da Lei Orgânica do Município, que obriga o
Sr. Prefeito a aplicar 30% na educação. E o Sr. Prefeito aplicou, apenas, 24% e
uns quebrados. Não houve nenhuma manifestação do Tribunal a respeito. Não
opinou sobre 58,2 milhões de suplementação de verbas orçamentárias, cuja
receita não se efetivou. Não deu parecer, também, sobre a contratação de
pessoal sob o regime de cartas-contrato, o que é ilegal. Para encerrar, ainda
não emitiu parecer sobre as Contas de 94, e, em meu parecer, nós deveríamos
devolver este Parecer ao Tribunal para melhor e mais ampla análise, porque
questões fundamentais não foram analisadas.
Devo responder à ilustre
Vera. Maria do Rosário, que diz que a população já aprovou a Administração
Tarso Genro quando elegeu o seu substituto. Pois a população enganou-se, porque
não conhece ainda o parecer de 94 sobre as Contas, e o de 95 está sob suspeição
nesta Câmara. Tenho certeza de que a população de Porto Alegre, hoje, está
arrependida de ter eleito o sucessor do Sr. Tarso Genro. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Gilberto Batista se inscreve e cede seu tempo ao Ver. João Dib.
O
SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, quero, antes de mais nada, dizer da minha inteira confiança
no Tribunal de Contas do Estado. Quero dizer que, em momento nenhum, nem eu nem
outro Vereador agrediu a figura ilustre do ex-Prefeito Tarso Genro. A
Administração era dele, mas ele não a fazia sozinho. Um homem honrado, sem
dúvida nenhuma, digno, e em algumas coisas até foi bom prefeito.
Eu sempre digo que ação sem
razão é precipitação; razão sem ação é omissão. As Contas de 1993 foram
analisadas por mim e havia equívocos bastante grandes. O Prefeito havia
aplicado apenas 21% na educação e o Tribunal de Contas entendia que eram 25%.
Desconhecia a Lei Orgânica, porque a Constituição Federal diz que são 25%, mas
a Lei Orgânica diz que são 30%, e o que vale, no caso, é a Lei Orgânica. Mas,
como era o primeiro ano, eu não tive dúvidas em colocar e alertar sobre todas
as coisas que estavam acontecendo e dizer o que precisava ser verificado, mas
poderíamos aprovar, já que não havia por que discordar do Tribunal.
Há algumas coisas que eu não
vou entender nunca. Como que o Tribunal não disse nada para o Dr. Tarso Genro?
Advertiu-o, e uma advertência é uma admoestação - diz o dicionário -, é um
aviso, um conselho, uma observação, um reparo. O que diz aqui é que o Prefeito
também se enquadra, pois também é um servidor municipal, e o Estatuto do
Servidores Municipais, no seu art. 203, coloca o que são as penas disciplinares
- repreensão, suspensão, multa, destituição da função gratificada... E aqui, no
parágrafo 3º, diz: “Quando se tratar de falta funcional por sua natureza de
reduzida gravidade, não demandando aplicação das penas previstas nesse artigo,
será o funcionário advertido particular ou verbalmente.” Então, a advertência
não é um elogio. A advertência é para dizer que as coisas estão mal. E tem
razão o Ver. João Nedel quando coloca aqui que as Contas de 94 não foram
aprovadas até agora. Eu mesmo, como vereador, lancei algumas dúvidas no
Tribunal de Contas para que fossem analisadas em relação às Contas de 94, e
elas até agora não vieram. Claro que não se deve ao fato de o Ver. João Dib ter
levantado suspeitas e dúvidas - claro que não! -, mas na verdade, se nós
examinássemos as Contas de 94 antes de examinarmos as de 95, talvez as
colocações fossem diferentes. E, sem dúvida nenhuma, quero aqui me penitenciar
quando eu disse que em 93 abriram 3 bilhões de créditos suplementares sem a
cobertura devida. Eu me equivoquei: foram 300 milhões.
O
Sr. Juarez Pinheiro: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu agradeço o aparte de V.
Exa. e gostaria de dizer, brevemente, que estamos analisando as Contas de 95 e
que elas nada têm a ver com as Contas de 94. Quero informar a V. Exa. que a 2a
Câmara do Tribunal de Contas do Estado já aprovou por unanimidade as Contas de
94.
O
SR. JOÃO DIB: Eu sou grato a V. Exa. pela informação que me
traz e me deixa despreocupado. Mas eu não devo, em nenhum momento, esquecer que
o Tribunal chamou, na sua advertência, a atenção para o fato de que, se os
créditos suplementares continuarem sendo feitos sem cobertura devida, sem a
cobertura que a Lei nº 4.310 determina, então as Contas serão rejeitadas.
Então, eu posso, com toda a tranqüilidade, com a seriedade e a responsabilidade
que eu tenho, dizer que em 96 e 97 os créditos suplementares outra vez foram
abertos. Em 97, 59 milhões de reais foram abertos sem cobertura - por que eu
não sei, mas o Tribunal diz que é irregular - e que, se repetirem, as Contas
serão rejeitadas. Então, esta Casa hoje está de parabéns. É amplo o debate.
Ninguém se omitiu. Estão todos falando. Algumas agressões não deveriam ter
acontecido, mas evidentemente o calor do debate vai justificar, até, essas
agressões. Mas hoje nós podemos dizer: não estamos sendo omissos. Isso é
extremamente importante. Eu sei que as Contas serão aprovadas, Sr. Presidente,
porque nós não teríamos vinte e dois votos para rejeitá-las, mas o que
precisava acontecer é o que está acontecendo agora: um amplo debate. Porque não
são anjos os que nos administraram. Também têm suas falhas, pequenas ou grandes,
mas têm falhas. Vamos corrigi-las. Saúde e paz!
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Encerrada
a discussão. Em votação o PDL no 09/98. O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra para encaminhar pelo PPS.
O
SR. LAURO HAGEMANN: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, há alguns anos eu fui presidente da Comissão de
Finanças e a Comissão recebeu as Contas de um prefeito que tinha passado pela
administração da Capital, precisamente o Dr. Alceu Collares. O Parecer do
Tribunal de Contas era complicado em relação a um dos anos do Prefeito
Collares. A Comissão, por maioria, decidiu que recomendaria ao Plenário, como o
fez, a rejeição das Contas do Prefeito relativas àquele ano.
Aí vem o grande equívoco que
nós, hoje, estamos laborando. O Plenário da Câmara dos Vereadores é quem julga
as Contas do Prefeito, e o julgamento, aqui neste Plenário, é político e não
técnico. O que se está fazendo aqui é pinçar deslizes técnicos e tentar
justificá-los como deslizes de administração. Em nenhum momento o Tribunal de
Contas inquinou de imoral a Administração Municipal. Pinçou determinados pontos
contraditórios com a Lei Orgânica, com disposições genéricas, dizendo que tal
ou qual verba não tinha sido completamente aplicada no contexto geral. Eu tenho
sérias restrições ao Tribunal de Contas - não é de hoje que digo isso -, a
começar pela origem do Tribunal de Contas, cujos conselheiros são nomeados pelo
Governo do Estado. Então, começa por aí uma desconfiança com relação à isenção,
não pessoal. Conheço os conselheiros. Foram contemporâneos meus na Assembléia
Legislativa. São pessoas de alta qualificação, mas há um contexto do qual não
se pode escapar. Então, enquanto não se definir em que patamar se vai colocar o
exame das contas de um administrador público, se é no patamar técnico ou no
patamar político, vamos ficar brincando de julgar as contas dos homens
públicos.
Acredito que as Contas do
Sr. Prefeito que estão em exame hoje vão ser aprovadas, como foram aquelas que
a Comissão de Finanças, do meu tempo, mandou rejeitar. Fiquei sozinho falando
aqui porque eu insistia, erradamente. Depois reconheci que estava pinçando
dados técnicos de um determinado relatório. Verdade, Ver. João Dib. Estamos
agindo politicamente aqui. Podemos até reconhecer que determinados dados técnicos
estão incorretos, mas não há um deslize administrativo, porque senão o Tribunal
teria dito isso.
Vamos colocar as coisas nos
seus devidos patamares. É interessante, é educativo, é elucidativo para a
sociedade verificar o nível dos debates e como eles estão sendo colocados, mas,
por favor, não vamos fazer uma tempestade num copo d’água. As Contas do
Prefeito vão ser aprovadas até porque não há ninguém nesta Cidade que tenha a
pretensão de dizer que o Prefeito desviou alguma verba pública, se comportou
mal, agiu com improbidade. Em outros termos: que alguém tenha roubado na
Administração Municipal naquele período. E estamos vendo isso em nível de
Estado, em nível de Nação. O Tribunal de Contas da União, do Estado exara
pareceres a respeito das Contas públicas federais, estaduais e aponta as
irregularidades, como apontou no caso municipal, e as Contas são sempre
aprovadas. Ou paramos de brincar com isso ou fazemos de conta que nada
aconteceu. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, pegando o mote do Ver. Lauro Hagemann,
evidentemente que as Contas têm de ser aprovadas, até porque não houve
benefício próprio de alguma pessoa da Administração a respeito das Contas, não
houve dolo nas irregularidades encontradas. Quero ressalvar a dignidade e
postura do Prefeito Tarso Genro como um homem público. Isso é uma unanimidade e
até é dispensável a minha manifestação. Mas o Prefeito Tarso Genro - e aí vou
referir-me ao aspecto administrativo, porque, moralmente, tenho o maior
respeito pela pessoa do Sr. Prefeito - já havia sido advertido pelo Tribunal de
Contas, inclusive reiterando nos mesmos erros. Já em outra oportunidade ele foi
advertido pela Câmara. Nós vamos aprovar.
Eu gostaria de pinçar o que
o Ver. José Valdir disse, esse acendrado amor que o Vereador tem pelo Tribunal
de Contas e pelos pareceres desse Tribunal. Ver. José Valdir, se vale o Parecer
do Tribunal de Contas, se ele é tão importante, por que não ser importante
também o Parecer desse Tribunal que diz que no orçamento geral, na arrecadação
geral da Prefeitura tem de ser incluído o faturamento do SUS, e a aplicação dos
percentuais da Lei Orgânica do Município em saúde tem de ser incluída,
inclusive os valores de mais de 250 milhões de reais que passam pelos cofres da
Prefeitura para, então, baixar para menos de 9% a aplicação em saúde - o que já
discutimos aqui? O Parecer do Tribunal de Contas é claríssimo. Por que não o
mesmo amor ao Tribunal de Contas?
Aliás, respondendo ao Ver.
Renato Guimarães, que muito maliciosamente e com uma intenção nitidamente
eleitoreira, uma manobra diversionista... Eu só queria lembrar a ele que 90% da
saúde de Porto Alegre é subsidiada, patrocinada, garantida pelo Ministério da
Saúde e pela Secretaria Estadual da Saúde, que já não tem a jurisdição que
tinha antes, e que os percentuais aplicados pelo Estado foram passados, pela
Constituição de 88, para os municípios, que se negam a arcar com os encargos da
saúde, inclusive prefeituras comandadas pelo Partido dos Trabalhadores. Então,
esta é uma manobra diversionista. Já está conhecida pelos senhores
telespectadores, que sabem perfeitamente que o modo petista de governar não é
assim tão perfeito e tão maravilhoso a ponto de não se incidir em equívocos,
este tipo de postura que, se soubessem os votantes de então, não seria esta a
votação que o PT teria em Porto Alegre. Realmente, hoje nós vemos que as
mazelas administrativas do PT estão plenamente claras nos tribunais, onde eles
perdem todas - nos esgotos pluviais, na tentativa do sambódromo e inúmeras
outras coisas. Inclusive hoje, aqui, chamando os colegas, pejorativamente, de
suplentes. Ah, mas se chamou antes, por que nivelar por baixo? Se está errado
um, por que errar novamente, com um erro justificar outro?
Parece-me que está muito
claro que todos nós, unanimemente, vamos aprovar as Contas. Vai ser o nosso
papel. Está certa a aprovação das Contas, mas nós não aprovamos a forma de administração,
esta forma sectária, esta forma radical que não reconhece que o Ministério da
Saúde e a Secretaria Estadual da Saúde garantem 90% da saúde no Município de
Porto Alegre e que, de cada cinco crianças, quatro são sustentadas pela
Secretaria de Educação do Estado. E aí estão os campeões mundiais da “viragem
do cocho”. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Está
com a palavra o Ver. Luiz Braz para encaminhar.
O
SR. LUIZ BRAZ: Ver.
Juarez Pinheiro, na Presidência dos trabalhos, Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras, quero agradecer à Líder da minha Bancada, Vera. Sônia Santos, pela
oportunidade que me dá de poder fazer este encaminhamento em nome do PTB. Quero
dizer ao meu companheiro de bancada, Ver. Jocelin Azambuja, que tenho uma longa
militância junto com esse Vereador e que tenho o maior respeito pelo trabalho
de V. Exa., e acredito que todos nós, vereadores, somos livres para manifestar
os nossos pensamentos desta tribuna. Tenho certeza absoluta, Ver. Jocelin, que
V. Exa. também pensa da mesma forma, V. Exa. que também é um mestre em Direito.
Quando estamos trabalhando com o Direito Administrativo, vemos que o homem que
é responsável pela administração da coisa pública tem que se reger dentro de
princípios do Direito Administrativo, mas os mandamentos dizem que não podemos
punir o homem simplesmente porque ele errou. Punimos o homem quando ele age com
má-fé, com dolo. Quando o homem apenas erra, na verdade, deve ser corrigido, e
dificilmente uma ação, em qualquer um dos tribunais, pode progredir e ser
vitoriosa, contra quem quer que seja, se essa pessoa não agiu com má-fé. Se
agiu com má-fé, será vítima de seu trabalho nefasto.
Por tudo que nós conhecemos,
o ex-Prefeito Tarso Genro cometeu vários erros. Eu, na administração desta
Casa, muitas vezes, mesmo sendo absolutamente um homem zeloso pela Lei
Orgânica, pelo Regimento, pelos mandamentos da boa administração pública,
cometi muitas e muitas falhas dentro desta Casa e acredito que devemos ser
absolutamente críticos com relação aos erros, mas acho que não devemos
simplesmente condenar por condenar e, principalmente, fazer com que pessoas
dignas, que estão na missão pública por uma questão de ideal, possam passar por
vexames, possam ser punidas de uma maneira cáustica, da mesma forma como são
aquelas pessoas que agem com má-fé. Temos que separar estas coisas, até porque
todos que estamos aqui formamos uma boa Câmara de Vereadores. Todos propugnamos
por uma nova sociedade, por um melhor país, por condições mais justas para
todos, e isso vai demandar que tenhamos bons administradores da coisa pública.
Saibamos respeitar aquilo que é o melhor dentro das facções contrárias.
Acredito que naquilo que é
contrário àquilo que pensamos ideologicamente, Ver. Jocelin, eu diria que é
culposo, não é doloso. Penso que deve merecer a punição o doloso. Toda linha do
Direito Administrativo encaminha nesse sentido. Penso que esta Casa age muito
bem. Penso que o Ver. João Dib foi perfeito no seu pronunciamento. Depois de
fazer com que o seu parecer norteasse, embora pudesse não sendo aprovado dentro
da Comissão, esta discussão que houve hoje, dentro deste Plenário, ele, como
sempre, age com toda a dignidade. Foi para a tribuna e também soube ressaltar
que este Plenário está cumprindo a sua missão, que é a de fazer a análise sobre
as Contas do Prefeito Tarso Genro sem pedir que haja uma punição para os erros
que foram cometidos.
O Ver. Jocelin diz bem: foi
uma conduta culposa porque, sempre que erramos, sempre que cometemos algum equívoco
na condução administrativa, estamos, na verdade, com culpa, mas não houve dolo,
não houve má-fé, não foi porque o administrador quis prejudicar a coisa
pública, quis tomar para si ou para alguém alguma coisa que não lhe pertencia.
Não aconteceu nada disso. O que aconteceu foi que um homem, ao tentar
administrar uma cidade, e aqui não cabe ressaltar se foi um bom ou mau
administrador, foi alguém que procurou se portar com decência. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Fernando Záchia está com a palavra para encaminhar o PDL nº 09/98.
O
SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, primeiramente, foi dito aqui e é extremamente
salutar o nível de interesse e participação desta Câmara com um assunto
importante, um assunto que trata da aprovação das Contas do Município no
exercício de 1995.
Com todo o respeito ao Ver.
João Dib, Presidente da CEFOR, eu tenho alguma dificuldade nesta matéria por
duas razões: primeiro, porque o Parecer do Tribunal de Contas me parece
demasiadamente sucinto, me parece extremamente reduzido. Ele faz uma
advertência às Contas do exercício de 1995, mas não se aprofunda na motivação
dessa advertência. O parecer do Ver. João Dib, na CEFOR, brilhante, é bem mais
profundo do que o do Tribunal de Contas. Na votação do parecer na CEFOR houve empate. Mostrou ali, claramente, que
existiu uma grande dúvida entre os membros da CEFOR, porque a peça principal, a
peça que serviria de informação para os membros da Comissão e, posteriormente,
para os demais Vereadores, que era o Parecer do Tribunal de Contas, é muito
reduzido e não nos dá subsídios e dados. Nós estamos aprofundando a discussão
em cima de dados fornecidos pelos demais Vereadores e não pelo Tribunal de
Contas.
Eu tenho tido uma postura,
ao longo desses seis anos, e não me omito nunca nessas grandes discussões
porque entendo que todos os relatórios do Tribunal de Contas sempre apuram
algumas anomalias, algumas dificuldades, outros com mais profundidade, e aqui
eu estou com extrema dificuldade para votar essa matéria. Vou-me abster pela
falta de informações do Tribunal de Contas. Não estou, com isso, dizendo que
houve um erro, que houve um acerto nas Contas do exercício de 1995. As
informações são muito imprecisas, são muito pequenas para que eu tome uma
definição política. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Clovis Ilgenfritz encaminha pela Bancada do PT.
O
SR. CLOVIS ILGENFRITZ:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
tentei fazer uma gentileza ao Ver. João Dib, tendo em vista o Regimento.
Numa Casa com nove bancadas, a bancada do Governo - fica como uma sugestão para
pensarmos - poderia requerer o direito de ser a última a falar quando se trata
de um projeto do Executivo, até para dar satisfação aos Srs. Vereadores, para
responder questionamentos, para tentar fazer a parte que compete à bancada do
Governo. Mas o Ver. João Dib virá logo após a esta tribuna, e ele tem sido um
crítico severo e bastante exigente no processo de aprovação de contas, não só
destas, mas de outras, e é louvável.
Não temos nenhuma dúvida de
que, ao aprovar as Contas de um Executivo Municipal, de uma Prefeitura ou da
própria Câmara, temos que pensar que essas Contas estão incluídas. É um ato
importantíssimo. E nós, como fiscais, Vereadores exercendo a fiscalização do
processo administrativo do Município, temos não só interesse em fiscalizar como
o dever de fazê-lo com todos os requisitos necessários. E nós, da Bancada do
PT, entendemos que as críticas colocadas por alguns vereadores, especialmente
pelo Ver. João Dib e pelo Ver. Jocelin Azambuja, devem ser entendidas como uma
colaboração num processo de aperfeiçoamento do processo contábil,
administrativo e burocrático da questão financeira. É praticamente impossível
imaginar que uma Prestação de Contas de um ano de administração, que gira em
torno de 800 bilhões de reais, não tenha uma ou outra questão burocrática ou
administrativa que possa ser criticada ou que seja necessário, num determinado
momento, corrigir. Do que estamos tratando? Do parecer, com a soberania que nos
é dada, com a representatividade que nos é fornecida pelo povo e com a nossa
obrigação de fazer. Estamos analisando as Contas de um ano da gestão de quatro
anos do Prefeito Tarso Genro.
Eu, como sou membro da
Comissão de Economia, Finanças e Orçamento, junto com os Vereadores Adeli Sell,
João Dib, João Carlos Nedel e Pedro Ruas, fizemos, naquela Comissão, em especial, a análise desse tipo
de processo com a assessoria muito competente que nos é fornecida pela Casa.
Analisamos o Parecer exarado pelo egrégio Tribunal de Contas do Estado e não
temos nenhuma dúvida de que isto é que deve ficar claro, com a maior
tranqüilidade e isenção: nós podemos aprovar o Parecer do Tribunal de Contas,
porque foi exarado por unanimidade dos ilustres juízes do Tribunal e não houve
nenhum momento em que pairassem dúvidas sobre a correção do processo, sobre a
qualidade do trabalho. Em nenhum momento, levantaram-se suspeitas de alguma
conta que pudesse ter sido mal encaminhada.
O Tribunal deu parecer para
a sociedade, para o Executivo Municipal, e nós estamos aqui pedindo a aprovação
desse Parecer, porque ele é absolutamente favorável. Se existem questões que
precisam ser modificadas do ponto de vista da burocracia, do encaminhamento, da
legislação nas Contas do Município, devem ser feitas. Então, temos obrigação
até de fornecer subsídios para o Executivo, criando uma lei que enquadre esse
processo. Por outro lado, Srs. Vereadores, é bom que se diga que nós estamos
analisando as Contas e que o Rio Grande do Sul tem esse processo, Sr.
Presidente, e que esse processo nos leva a crer que muitos e muitos outros
municípios, comparativamente, teriam dificuldades que nós não estamos
enfrentando felizmente.
Então, nós encaminhamos, em
nome da Bancada, pedindo vênia para os Srs. Vereadores para que, nesse último
dia de tramitação legal desse processo, possamos votá-lo com toda a
tranqüilidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
João Dib está com a palavra para encaminhar pelo PPB.
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, recentemente, numa gincana realizada em Campinas
para verificar quem bebia mais, um jovem foi incendiado e o foi porque um
médico, que participava da gincana, achou que ele apenas estava molhado com
água, mas ele estava embebido em álcool etílico. Será um crime doloso ou um
crime culposo? Até lembro que aqueles meninos de Brasília também foram
absolvidos! Mas eu acho que o Prefeito Tarso Genro não pode ser comparado com
essa gente. É um homem bom, é um homem correto, é um homem decente, é um homem
digno! Agora, eu sou Vereador pela sétima vez. Há algumas coisas na minha vida
pública que me orgulham, muitas até, não são tão poucas, porque eu não sou
modesto. Sou Vereador pela sétima vez e todas as vezes eu tive um número de
votos crescente. Significa, talvez, que eu sou um vereador responsável, que faz
aquilo que as pessoas que me trouxeram até aqui esperavam que eu fizesse.
Agora, eu não posso entender, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que alguém se dê
ao trabalho, como eu fiz, de ler todas essas mil e quinhentas ou mais páginas
para depois vir aqui e dizer que eu pincei algumas coisas. Eu não pincei nada,
eu li. Vereador deve ser sete dias por semana, não menos do que isso! Vinte e
quatro horas por dia, não menos do que isso! A hora que ele for chamado, ele é
vereador. Ele não tem licença para não ser vereador. Por vinte e quatro horas
do dia tem que ser. Então, está aqui: as Contas de 93 também foram examinadas
por mim e eu alertei. Está aqui o parecer de 93. Entre outras coisas, diz:
(Lê.)
“Essa prática já foi
utilizada no exercício de 92, quando houve abertura de créditos adicionais com
recursos não realizados num montante de 380 milhões de reais. Quanto ao
processo licitatório, várias falhas foram encontradas, tais como: valores de
compras sem licitação acima do limite que dispensava, como pode ser verificado
nas folhas 1.418 a 1.431 do Relatório do Tribunal de Contas, constando do
processo.”
“Espero que esses
comentários aqui colocados sirvam de reflexão aos demais membros desta Comissão
de Economia, Finanças e Orçamento, assim sendo o Parecer do Tribunal de Contas
do Estado do Rio Grande do Sul. Sou pela aprovação.” Era o primeiro ano da
Administração.
Agora, aqui foi feita uma
análise de que a Prefeitura aplicou 21% na educação, e o Tribunal concluiu,
porque a Constituição assim diz, que deveria ser 25%. E o Tribunal alertou que
não fez, e eu também alerto no meu parecer que não foi cumprido o disposto na
Constituição, mas muito menos o disposto na Lei Orgânica, que é 30%. Mas aí foi
o Tribunal que examinou. Agora, neste ano de 95, é o Prefeito de Porto Alegre,
através de sua Auditoria: “Parecer sobre o balanço da Administração
Centralizada referente ao exercício de 95.” Na página 1.260: gastos com saúde,
l3,69% da Administração Centralizada. Os gastos globais, que ele chama aqui
“despesas com saúde”, no exercício de 95 representam 13,69% das despesas
globais do Município. Não é verdade. Ele mesmo aqui mostra que são as despesas
- e eu olhei, comparei os dados -, que
são as despesas da Administração Centralizada. E eu já mostrei que o art. 2o
da Lei Orgânica diz que o Município tem dois poderes - o Executivo e
Legislativo. Não há o poder Administração Centralizada. Isso não existe. E
também diz: “as despesas com educação em 95 representam 24,69% das receitas
resultantes de impostos, nelas compreendidas as provenientes de transferência
da União e do Estado, conforme demonstra a seguir.”
Eu não tenho mais por que
ler, examinar quatro enormes processos para depois chegar aqui e dizer: “Tudo
bem! O homem é correto. É correto. O homem é competente. É competente. O homem
é sério. É sério”. Mas as Contas estão erradas, e houve uma advertência do
Tribunal de Contas, que talvez, se examinadas as Contas junto com as de 94,
essa advertência fosse diferente, fosse rejeição.
Eu sei que não vou ter os
vinte e dois votos necessários para rejeitar as Contas do Prefeito, nem estou
preocupado que elas sejam rejeitadas, mas um crime é doloso ou culposo. Esse é
culposo, e é preciso que esta Casa tenha dignidade de lembrar o juramento que
fez no dia 1º de janeiro de 97: que a Lei Orgânica será cumprida. É por isso
que eu vou votar contra as Contas do Prefeito Tarso Genro, por mais respeito
que eu tenha por sua pessoa, respeito que ele merece. Muito obrigado. Saúde e
paz!
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Gilberto Batista está com a palavra para encaminhar.
O
SR. GILBERTO BATISTA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. João Dib deixa aqui quatro ou cinco
volumes, e este Vereador faz um encaminhamento muito rápido. Este Vereador,
suplente, está hoje assumindo nesta Casa e quer dizer que não teria suficiente
tempo para analisar as Contas do Prefeito Tarso Genro. Por isso, faço questão
de fazer esse encaminhamento saudando o Ver. Jocelin Azambuja, que, na minha
opinião, foi atacado nesta tarde. E eu, como suplente, quero dizer que fiquei
extremamente magoado com a posição adotada pelo nobre Ver. Juarez Pinheiro.
Não estou, de maneira
alguma, ofendendo V. Exa., nem advertindo. Como suplente, não teria condições
suficientes para analisar as Contas do Prefeito Tarso Genro. E voto favorável
às Contas do Prefeito pelas três últimas palavras ditas pelo Ver. João Dib:
competência, honestidade e seriedade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Não há
mais encaminhamentos. Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Luiz Braz, o PDL
nº 09/98. (Após a chamada.) APROVADO
por 13 votos SIM, 04 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO.
Antes de lermos a Declaração
de Voto do Ver. Jocelin Azambuja, queremos cumprimentar o Ver. Celso Nedel
Wuasen, do PPB, de São Paulo das Missões, que está aqui presente. É um prazer
tê-lo aqui.
O
SR. 1º SECRETÁRIO: Declaração
de Voto, firmada pelo Ver. Jocelin Azambuja. “Com base no Parecer da CEFOR e
por ter sido descumprida a Lei Orgânica do Município, não sendo aplicado em
educação e saúde o que determina a Lei Maior, voto pela rejeição das Contas.
Não há dolo, mas culpa.”
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente, desejaria dizer a V. Exa. que visivelmente não há quórum e eu
poderia ter feito uma manobra para retirar o quórum e as Contas não seriam
aprovadas nem rejeitadas, mas eu sou um homem que vai às últimas conseqüências
e fiquei até agora e eles foram embora.
O
SR. PRESIDENTE: Visivelmente,
não há quórum. Encerramos os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 19h26min.)
*
* * * *